ANA PATRICIA DIAS
A produção de tucumã no Amazonas caiu 50% nos últimos dois anos, impactando consumidores e comerciantes. De acordo com dados do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), a produção de tucumã caiu pela metade nos últimos dois anos, passando de 4 milhões de quilos em 2022, para 2 milhões em 2024. A maéria é do Portal Toda Hora.
A redução na oferta, provocada pela seca severa que atingiu o estado, somada à alta demanda, fez o preço da polpa do tucumã disparar. Atualmente, o quilo do fruto chega a R$ 70, mais que o dobro dos R$ 30 anteriormente praticados. Durante o período mais crítico do ano passado, o valor atingiu R$ 150 em algumas feiras de Manaus.
A escassez tem gerado dificuldades para feirantes, comerciantes e consumidores, especialmente para os cafés regionais que utilizam o tucumã no tradicional x-caboquinho. "Vem muita gente atrás, mas está difícil conseguir. Quando conseguimos, o preço está muito alto. Para evitar prejuízo tanto para mim quanto para o cliente, prefiro não encomendar", conta Carlos Pereira, feirante há oito anos na Feira da Panair.
Já Antônio Pedro, dono de um café da manhã na zona Leste de Manaus, explica que precisa se adaptar às variações de preço para não perder fregueses. “Vamos segurando como dá, comprando pequenas quantidades e pesquisando onde está mais barato. Não tem como ficar sem tucumã, o cliente reclama quando não tem x-caboquinho. Já chegamos a pagar R$ 150 pelo quilo sem repassar o custo, para não perder clientes”, relata.
Importância econômica e cultural
O economista Orígenes Martins destaca a relevância do tucumã para a economia e a cultura amazônica. "Esse fruto desempenha um papel fundamental para muitas comunidades que vivem do plantio, extração e comercialização. Pequenos produtores e cooperativas dependem diretamente dessa atividade. Agora, com a demanda em alta e a produção reduzida, o preço dispara", analisa.
Além do impacto econômico, o tucumã é um alimento altamente nutritivo, rico em fibras, vitaminas e ômega 3, sendo um dos ingredientes mais valorizados da culinária amazonense. No entanto, segundo o economista, "se as condições climáticas adversas persistirem, a oferta continuará limitada e os preços seguirão elevados”.
Produção e safra
Os municípios de Iranduba, Coari, Manaquiri e Benjamin Constant são os maiores produtores de tucumã no Amazonas, segundo o Idam. Os cachos da fruta se formam entre seis e nove meses após a estação mais quente do ano, marcando o ciclo da safra.