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Programa "Mais Luz para a Amazônia" gera renda em comunidade isolada no AM

No Lago do Piranha, situado no município de Manacapuru, essa situação está sendo revertida com a chegada de energia limpa e renovável: a solar

78 domicílios do Lago do Piranha foram beneficiados 

Uma das grandes dificuldades do interior do Amazonas é a geração de emprego e renda. Em comunidades isoladas, a movimentação financeira é pequena, dentre outros fatores, porque a falta de energia elétrica inviabiliza a abertura e permanência de negócios. No Lago do Piranha, situado no município de Manacapuru (a 100 quilômetros de Manaus), essa situação está sendo revertida com a chegada de energia limpa e renovável: a solar.

A população do município de Manacapuru é de, aproximadamente, 100 mil habitantes. Apenas 6,3% têm ocupação, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020. Dentre os que desenvolvem atividades rentáveis, 46,1% apresentam rendimento nominal mensal de até meio salário-mínimo.

A pescadora Ingrid Ferreira Levi ultrapassou essa margem de ganho ao ingressar no programa "Mais Luz para a Amazônia" (MLA), do Governo Federal, implementado pela Amazonas Energia. “A gente tinha um gerador e gastava em torno de R$ 300 por mês para ter energia por apenas duas horas por dia. Dava apenas para ligar a lâmpada e a televisão. Nem água gelada a gente tinha. Depois que colocaram as placas de energia solar, compramos geladeira, freezer e temos 3 ventiladores. Ninguém mais passa calor aqui”, falou Ingrid com um grande sorriso no rosto.

Devidamente equipada, a pescadora também começou a vender picolé e dindim para moradores vizinhos que vivem em flutuantes. No período da seca, ela pesca bodó e outros peixes e armazena em casa. No passado, Ingrid precisava vender rápido e, às vezes, até doar os peixes que pescava, porque o gelo da caixa de isopor não aguentava por muito tempo. Agora, pode esperar pela venda mais vantajosa em Manacapuru e evitar o desperdício de alimentos. “Eu e meu marido, que faz pequenos serviços, ganhávamos menos de um salário-mínimo. Desde que a energia chegou, tiramos dois salários e até um pouco mais. A venda dos gelados dá dinheiro o ano todo”, declarou.

O lazer da família, que é composta também por Isa, de 8 anos, e Isabela, de 4 anos, deixou de ser ocasional para se tornar permanente. “Se a gente queria ver um filme, tinha de pedir R$ 2 ou R$ 3 dos vizinhos. Fazia cota, comprava o combustível para o motor e via todo mundo junto. Agora, cada qual tem sua televisão e pode assistir filme ou novela na sua casa. Dormir com ventilador a noite toda é o maior privilégio da minha vida”, falou, enquanto olhava para as filhas com carinho.

Comunidade beneficiada
Por meio do programa “Mais Luz para a Amazônia”, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e executado, no estado, pela concessionária Amazonas Energia, 78 domicílios do Lago do Piranha, com cerca de 400 pessoas, foram beneficiados há pelos menos um ano com energia limpa e renovável: a solar.

A energia constante permitiu que, na maioria das casas, fosse montado um pequeno negócio - tabernas, mercadinhos, venda de peixes -, gerando fonte de renda para quem lutava pela subsistência, ganhando a metade de um salário-mínimo. Isso também contribuiu para conter o êxodo rural, mantendo os moradores na comunidade. Rosa Soares de Moraes, moradora do Lago do Piranha há 54 anos, criou os seis filhos na localidade. Quando eles deixaram a casa da família em busca de uma vida melhor com energia farta, também deixaram para trás os pais saudosos.

“A gente dormia cedo. Eu queria ver novela, mas para assistir só um capítulo eu gastava dois litros de gasolina. Um dia assistia e passava vários dias sem ver. Acabava que eu não entendia nada. Agora, vejo novela todo dia, não penso em sair daqui porque minha filha deu um telefone celular rural pra gente falar com todo mundo. Ganhei uma máquina de lavar e posso guardar meu peixe para comer quando quiser. Antes, jantava cedo porque não tinha luz para catar o peixe”, falou com uma sonora gargalhada.

Mais beneficiados
Outras áreas do Amazonas receberão o MLA nos próximos meses. “Iniciamos o programa pelo Lago do Piranha, em Manacapuru, com 78 unidades consumidoras. Na segunda etapa, atendemos 952 unidades na área rural de Manaus. Já atendemos Beruri, Canutama e estamos com obras em Tapauá e Lábrea. Até agosto, pretendemos beneficiar 4.380 pessoas com energia de boa qualidade”, sinalizou Telma Paula, fiscal dos contratos do MLA da Amazonas Energia.

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