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Projeto de Lei propõe rastreamento em tempo real de armas das forças de segurança

Proposta cria sistema nacional de monitoramento por tecnologia IoT para controlar arsenal público

Em meio ao impacto da operação militar no Rio de Janeiro que deixou mais de 120 mortos e resultou na apreensão de 118 armas de fogo — entre elas 91 fuzis, 26 pistolas, um revólver, além de 14 artefatos explosivos, um novo projeto de lei apresentado pelo deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) ganha relevância no debate nacional sobre controle e rastreabilidade de armas no Brasil.

A proposta altera o Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) para criar o Banco Nacional de Monitoramento de Armas de Fogo por IoT (BNMAF-IoT), um sistema de vigilância e rastreamento em tempo real de armas das forças de segurança por meio de chips RFID ou tecnologia similar de Internet das Coisas (IoT).

Um salto tecnológico na segurança pública

O objetivo do projeto é simples, mas revolucionário: permitir que todas as armas sob responsabilidade das polícias e forças armadas tenham um identificador eletrônico capaz de informar sua localização e movimentação em tempo real.

Na prática, cada arma passaria a ter um “sinal digital” individual, permitindo detectar extravio, furto, desvio de uso ou circulação irregular — um dos principais gargalos no enfrentamento ao crime organizado e à corrupção policial.

Segundo o texto, o BNMAF-IoT funcionaria como um banco de dados nacional integrado ao SINARM e ao SIGMA, sistemas já utilizados para registro e controle de armas no país. O projeto prevê ainda a emissão automática de alertas em casos de anomalias, além de cruzamento de dados com os órgãos de investigação e controle.

Contexto de guerra e perda de controle

O tema do rastreamento de armamentos ganha força diante do cenário de militarização e violência crescente que o Brasil enfrenta. A operação no Rio, já considerada uma das mais letais da história, expôs a fragilidade do controle estatal sobre o arsenal em circulação, inclusive de armas originalmente pertencentes a corporações públicas.

Estudos recentes indicam que armas desviadas de forças oficiais abastecem parte significativa do armamento do crime organizado. Sem um sistema de rastreamento automatizado e transparente, é praticamente impossível identificar quando e onde uma arma “desaparece”, nem responsabilizar seus gestores diretos.

Nesse sentido, a proposta de Amom Mandel dialoga diretamente com a necessidade de modernizar as ferramentas de rastreamento e responsabilização, incorporando tecnologia para garantir transparência e integridade no uso de armamentos públicos.

Do papel para o campo de batalha digital

A implementação de chips de identificação por radiofrequência (RFID) e sensores IoT é uma tendência global em defesa, logística e segurança pública. Países como os Estados Unidos e Israel já utilizam soluções semelhantes para monitorar arsenais, equipamentos táticos e veículos militares, reduzindo perdas e fortalecendo a cadeia de comando.

No Brasil, o projeto pode representar uma virada de chave tecnológica, oferecendo aos órgãos de segurança inteligência em tempo real, redução de desvios internos e maior segurança operacional para os próprios policiais.

“Não se trata de vigiar quem protege, mas de proteger o que é do Estado e garantir que não caia em mãos erradas”, defende Mandel no texto de justificativa.

A urgência de um novo paradigma

Enquanto o governo federal e o Congresso debatem medidas emergenciais de segurança após a tragédia no Rio, o projeto de lei propõe um caminho estrutural, voltado à prevenção e transparência.

Com o BNMAF-IoT, o Brasil poderia ter uma base de dados única e inteligente, cruzando informações sobre movimentações de armas, alertas de desvios e padrões de uso, ajudando a reconstruir a confiança entre o Estado e a sociedade.

Num momento em que o país discute o papel das forças de segurança e a responsabilização por abusos, a tecnologia pode ser a aliada mais poderosa da democracia — desde que usada com ética, fiscalização e controle civil.

O PL 5355/2025, de autoria de Amom Mandel, não é apenas uma resposta à escalada da violência: é um chamado à inovação e à transparência no uso da força pelo Estado. Em meio às imagens de uma operação que chocou o país e expôs feridas profundas, a proposta surge como uma chance de modernizar a segurança pública com base em dados, rastreabilidade e responsabilidade compartilhada.

“Armas em circulação sem rastreamento são como bombas-relógio invisíveis. Com tecnologia, podemos desarmar essa ameaça antes que ela exploda novamente nas ruas”, concluiu o deputado.

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