O nível do Rio Negro em Manaus está bem acima da média histórica neste mês de setembro. Estudo do Laboratório Amanã/Clima Amazônia - dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) -, divulgados nesta sexta-feira (19/9), mostram que a cota do rio no Porto de Manaus alcançou 24,45 metros, 9,16 metros acima do registrado na mesma data de 2024, quando o Amazonas enfrentou a maior seca de sua história. A marca atual também está 2,23 metros acima da mediana climatológica (22,22 m) calculada para o período de 1991 a 2020.
Segundo os pesquisadores, a cota atual coloca o Rio Negro no limite superior da faixa considerada acima da normalidade, que vai de 23,73m a 24,49m. O contraste com 2024 é significativo: há um ano, o rio marcava apenas 15,29 m, em meio a uma estiagem que comprometeu transporte, abastecimento e ecossistemas da Amazônia.
Gráficos do Clima Amazônia reforçam essa virada. Enquanto a linha vermelha mostra a vazante extrema de 2024, a curva preta pontilhada de 2025 acompanha de perto a trajetória azul de 2021, um dos anos de maior cheia já registrada.

Vazante em curso, mas mais lenta que a média
A vazante do Rio Negro, em 2025, começou no dia 9 de julho, porém o ritmo é mais suave que o habitual. A taxa média de decaimento nos últimos cinco dias é de 14 cm/dia, inferior à média climatológica de 16 cm/dia para esta época do ano.
Esse comportamento retarda a exposição de áreas ribeirinhas e prolonga a navegabilidade, beneficiando o transporte de cargas e passageiros, além de favorecer a permanência da fauna aquática em ambientes de igapó.
Relevância para a cidade e a bacia amazônica
Níveis mais altos em setembro trazem maior segurança hídrica para Manaus e comunidades ribeirinhas, garantem melhores condições para a pesca e o turismo fluvial e sinalizam uma recuperação importante da bacia amazônica depois da crise hídrica do ano passado.
Clima Amazônia é um projeto do Laboratório Amanã, com vinculação ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e ao Programa LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia). A equipe publica semanalmente, às quintas-feiras, boletins de monitoramento das cotas do Rio Negro e análises climatológicas da região.
Perspectivas
Com a descida mais lenta, especialistas avaliam que a transição para a próxima estação de cheia pode ser menos abrupta, o que reduz riscos de extremos hidrológicos. Ainda assim, o monitoramento contínuo é essencial para entender como as chuvas nas cabeceiras amazônicas vão influenciar a evolução do nível do rio nos próximos meses.
