A seca no rio Solimões revelou um tesouro arqueológico do Amazonas: as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga. Esta fortificação colonial portuguesa, erguida no século XVIII, representa um marco significativo da história da região, em um período marcado pela disputa territorial com a Espanha.
O forte, que desempenhou um papel estratégico na defesa contra as expedições espanholas, estava escondido no fundo do rio, mas agora, com o baixo nível das águas, as ruínas voltaram a aparecer.
Nesta sexta-feira (30), o rio atingiu a menor cota registrada na história, com -0,94 metro, em Tabatinga, sendo a maior seca dos últimos 40 anos.
Com a diminuição do nível das águas, as estruturas do forte, que haviam permanecido submersas por séculos, agora estão visíveis, permitindo aos historiadores e arqueólogos uma oportunidade única para estudar a arquitetura militar colonial e a vida cotidiana dos portugueses na Amazônia.
História
Segundo os registros históricos do Exército, o forte tinha a função de posto militar, mas era usado especialmente para coibir o contrabando de mercadorias. Inicialmente, ele foi destinado a inspecionar canoas que se dirigiam à povoação espanhola de San Pablo de Loreto, no Peru.
O Exército explica que o local ficava ao lado de uma aldeia construída por jesuítas, provavelmente em 1710. O forte teria servido como demarcação da fronteira noroeste do Brasil, "assim defendendo de ataques espanhóis aquela região."
Quem determinou a construção do local foi o governador do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Fernão da Costa de Ataíde Teive Souza Coutinho. Ele tinha um hexágono irregular, com madeira grossa e sete palmos de projeção vertical.
A fortificação de Tabatinga, mesmo precária, teve o seu papel de importância, tendo em vista reclamações espanholas sobre aquele espaço territorial.