O show ‘Ofertório’, que colocou o pai coruja Caetano e os filhos Moreno, Tom e Zeca na estrada, sábado, 5, no palco do Studio 5 foi um encontro de gerações. Tanto no palco – entre um pai de 75 anos e seus três filhos –, quanto na plateia, que misturou tietes com 60 e uma garotada que parece ter vivido os anos de efervescência do tropicalismo, cantando canções do compositor baiano com as letras na ponta da língua, como a de ‘Oração ao Tempo’, uma das mais belas de Caetano.
Com os ingressos esgotados, aqueles que tiveram a sorte de estar sábado no Studio 5 saíram do show extasiados pelo overdose de talento da família Veloso. Caetano, Moreno, Tom e Zeca reuniram no repertório antigos sucessos, como “Alegria, Alegria”, que Caetano defendeu no histórico Festival da Canção da Record, e de 1967, e Leãozinho, cantada por Moreno.
— Meu pai me obrigou a aprender uma de suas canções. Nem sempre a gente sabe o ofíco do pai. O pai dele, meu avô, lá em Santo Amaro, era telegrafista. Pergunte se meu pai sabe ao menos um trecho do Código Morse? – contou Moreno, fazendo o público rir.
Além dos clássicos do ‘velho’, os garotos apresentaram suas composições próprias, dando provas de que herdaram uma boa dose do talento do pai. Isso ficou muito provado em “Todo Homem”, a belíssima e comovente composição do mais novo dos rebentos, Zeca. Tom deu seu recado em “Um Só Lugar” – além de dar um show ao dançar o funk do pai, requebrando o quadril, descalço, o que lembrou muito a performance do pais no palco, quando mais jovem – e Moreno interpretou a sua “Um Passo a Frente”.
O show teve início às 21h40, com Caetano emocionando, logo de saída, seus fãs com “Alegria, Alegria”. No palco, os garotos se revesam no violão, contrabaixo e teclado. Como um apresentador de luxo, Caetano vai fazendo comentários a cada música apresentada. E quando a canção era de um dos filhos, ‘lambia a cria’, traduzindo a personalidade de cada, a maneira de ser e contando passagens de família. Noite adentro ele dividiu com seu público passagens hilárias e curiosas de sua convivência com os filhos de dois casamentos. Sempre com um toque de pai orgulhoso. A harmonia entre os quatro é incrível.
O toque de “modernidade”, para não ficar muito for a do tempo, ficou por conta do funk “Alexandrino”, composta e cantada por Caetano.
— Meu pai diz que todo show tem que ter música inédita nova. Essa é a música nova dele –, comentou, novamente, Moreno.
Mais à frente, Moreno volta a surpreender ao sambar com o pai ao som de ‘How beautiful could a being be’. No final do show, no tradicional mais um, Moreno foi o primeiro ao retornar. Deu boa noite e, quando sentiu o silêncio da plateia disparou:
— Se não for pedir muito, Lula Livre!
Parte do público vaiou, mas houve também uma explosão de aplauso e, logo em seguida o coro uníssono de “Fora Temer!, Fora Temer, Fora Temer”.
VEJA A APRESENTAÇÃO DE LEÃOZINHO