Um parto raro e delicado marcou a rotina da Maternidade Ana Braga, na zona Leste de Manaus, nesta quarta-feira (9). A jovem Elizandra da Costa, de 22 anos, deu à luz gêmeas siamesas unidas pelo abdômen, em um procedimento que mobilizou toda a equipe médica da unidade. As recém-nascidas vieram ao mundo com 2,4 quilos cada uma e passam bem, sob cuidados intensivos.
A mãe é natural do interior do Estado do Pará, mas escolheu realizar o parto em Manaus por conta da estrutura da rede pública de saúde da capital amazonense. Desde novembro do ano passado, Elizandra fazia o pré-natal de risco na cidade, onde recebeu acompanhamento contínuo até o momento do nascimento.
“Optei por vir para Manaus, porque aqui tem uma estrutura melhor para ter as crianças e todo um suporte. Depois que dei entrada, vi que a equipe é excelente, estão me tratando muito bem e isso é muito gratificante para a gente que é mãe, porque nos sentimos acolhidas”, disse a mãe que passa bem e segue em observação médica.

Devido à complexidade do caso, as gêmeas deverão passar por uma série de avaliações médicas nas próximas semanas, a fim de determinar as condições ideais para uma possível cirurgia de separação. A equipe médica já iniciou os primeiros exames para entender o nível de compartilhamento dos órgãos entre as bebês.
Segundo o diretor da Maternidade Ana Braga, Edilson Albuquerque, esta é a primeira vez, em 20 anos de funcionamento da unidade, que um parto de gêmeas siamesas é realizado no local.
“É a primeira vez que a nossa equipe recebe um caso desse porte. Temos uma rede preparada para receber essa mãe, que veio de outro estado e acreditou no nosso serviço. Ela já estava na rede pública de saúde fazendo o pré-natal de risco e logo depois foi encaminhada para a maternidade”, ressaltou o diretor da unidade hospitalar.
A Maternidade Ana Braga é referência em atenção neonatal e dispõe de uma infraestrutura especializada, como o Centro de Parto Normal Intrahospitalar (CPNI) e o Banco de Leite Humano, iniciativas que integram estratégias de redução da mortalidade infantil. A unidade também é referência no método Canguru, um modelo de assistência que prioriza o contato físico entre pais e bebês, fortalecendo o vínculo familiar e o aleitamento materno.
O caso das gêmeas siamesas gerou comoção e admiração pela mobilização e cuidado das equipes médicas. Agora, a expectativa gira em torno da evolução clínica das recém-nascidas e da possibilidade de uma futura separação bem-sucedida, o que exigirá uma operação de alta complexidade.