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Tarifa de Trump pressiona Eduardo Bolsonaro e pode agravar investigação no STF

Atuação do deputado nos EUA em defesa do pai e contra o Supremo é vista como interferência e pode fortalecer inquérito sobre crimes contra o Estado democrático

A Primeira Turma do Supremo pretende julgar a ação ainda este ano, antes que o caso influencie o calendário eleitoral de 2026

O anúncio do ex-presidente americano Donald Trump sobre uma tarifa de 50% para produtos brasileiros não deve alterar o andamento do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no STF, mas pode agravar a situação de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Integrantes da Corte, advogados e fontes ligadas ao caso avaliam que o deputado licenciado tem atuado nos EUA contra instituições brasileiras, o que pode reforçar as suspeitas de obstrução e coação.

Eduardo é investigado por possíveis crimes contra o Estado democrático de Direito, incluindo articulações com autoridades americanas para influenciar decisões do STF e da Polícia Federal. A prorrogação do inquérito por mais 60 dias, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, visa aprofundar essas apurações. A recente carta de Trump e declarações do deputado são vistas como elementos que fortalecem essa linha de investigação.

Em publicações nas redes sociais e em carta conjunta com Paulo Figueiredo, réu no caso da tentativa de golpe, Eduardo afirmou que a tarifa anunciada é resultado do diálogo mantido com aliados de Trump. A dupla também sugeriu que sanções contra o ministro Moraes podem ser parte das retaliações. A Procuradoria-Geral da República já considera essas ações como potenciais interferências no processo judicial.

Apesar do impacto político da carta de Trump, ministros do STF avaliam que o processo contra Bolsonaro seguirá sem mudanças significativas. A Primeira Turma do Supremo pretende julgar a ação ainda este ano, antes que o caso influencie o calendário eleitoral de 2026. Há, no entanto, a percepção de que o gesto de Trump pode aumentar a rejeição ao ex-presidente entre magistrados.

Nos bastidores, cogita-se que a ofensiva internacional liderada por Eduardo pode ter efeito contrário ao pretendido: endurecer a postura do STF. A tentativa de pressionar o tribunal por meio de medidas econômicas e manifestações públicas foi recebida com cautela. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, conversou com Lula e com o chanceler Mauro Vieira, destacando que a resposta deve ser política e diplomática.

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