Nesta quinta-feira, dia 1º, acontece a eleição para o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia em todo o Brasil. Candidato à reeleição no Amazonas, o engenheiro Afonso Lins concedeu entrevista exclusiva ao Blog do Mário Adolfo, apresentando suas propostas e prevendo os desafios para o período pós-pandemia.
Estão aptos a votar cerca de 10 mil profissionais das Engenharias, Agronomia e Geociências (Geologia, Geografia e Meteorologia), além de tecnólogos das áreas afins e técnicos de segurança do trabalho. Eles votarão para presidente do Conselho Regional, presidente do Conselho Federal, e também diretor geral e diretor administrativo da Caixa de Assistência aos profissionais, Mútua.
Todos os procedimentos de segurança foram adotados nos locais de votação e os eleitores só poderão comparecer vestindo máscaras. Serão quatro locais em Manaus: sede do Crea-AM, no Centro; Escola Estadual General Sampaio, no São Jorge; inspetoria da zona leste, no Shopping Cidade Leste; e Fucapi, no Distrito Industrial.
No interior do Estado, a votação acontecerá nas inspetorias de 19 municípios: Boca do Acre, Coari, Eirunepé, Fonte Boa, Guajará, Humaitá, Iranduba, Itacoatiara, Lábrea, Manacapuru, Manicoré, Maués, Parintins, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Tefé e Urucará.
BLOG DO MÁRIO ADOLFO: Qual é o maior desafio para os profissionais registrados no Crea para o futuro pós-pandemia?
AFONSO LINS: Além da perda de amigos queridos, muitos estão perdendo parentes, já há desafios no setor econômico também. Vamos fazer tudo que o Conselho puder para incentivar a geração de empregos. Já estou planejando um concurso público para o primeiro semestre de 2021. Também estamos desenvolvendo um sistema que irá utilizar inteligência artificial para varrer a internet e ler os diários oficiais em busca das melhores oportunidades para que possamos alertar os profissionais das vagas compatíveis com seus perfis cadastrados. E vamos investir na construção de um espaço co-working, para que os profissionais possam desenvolver seus trabalhos nesse espaço. Compramos o imóvel, inclusive. Penso em diversas possibilidades para que não deixemos nossos registrados desamparados no pós-pandemia.
BMA: Qual o seu principal desafio para os próximos três anos?
AFONSO LINS: Acredito que é a luta pela valorização do trabalho dos profissionais. Um exemplo que posso destacar é no Distrito Industrial, onde existem muitas empresas que contratam engenheiros como analistas, pagando bem abaixo do piso salarial recomendado e trabalhando o dobro pelo cargo que exerce. Com o concurso público, vou poder ampliar a equipe de fiscalização, inclusive dando mais qualidade porque pela primeira vez na história o Conselho vai fazer concurso de nível superior para agentes fiscais. É assim que vamos combater esse tipo de atividade ampliando ainda mais as fiscalizações nas empresas e cobrando para que elas contratem da forma correta.
BMA: A tecnologia está cada vez mais presente neste período de pandemia. Quais os investimentos tecnológicos serão adquiridos para facilitar o trabalho do Crea e dos profissionais?
AFONSO LINS: Uma das que posso destacar é a Minerva, que será uma inteligência artificial disponibilizada nos telefones celulares dos profissionais, auxiliando no preenchimento de Anotação de Responsabilidade Técnica, Certidão de Acervo Técnico, e demais pendências com o Conselho. Isso vai facilitar muito a vida do profissional, pois muito deles acabam preenchendo de forma errada e tendo que refazer várias vezes, atrasando o próprio trabalho. Com a Minerva, isso não vai mais acontecer e de uma maneira simples, em qualquer telefone celular.
BMA: Sabemos que tem muitos profissionais sendo formados no interior. Qual o plano para os profissionais do interior?
AFONSO LINS: Eu sempre enfrentei a oposição porque penso que o Crea é do Amazonas e não de Manaus. Fui o primeiro presidente a instalar inspetoria no interior do Amazonas. Deixei sete. Quando assumi o Crea em 2018, tinham apenas duas. Reiniciei todo um trabalho de expansão e agora são 19 inspetorias com sedes físicas. O próximo passo é inaugurar mais 12 inspetorias no interior, chegando assim à metade do Estado, com 31 sedes dos 62 municípios do Estado.
Esse trabalho é fundamental porque as instituições de ensino, públicas e inclusive privadas, estão formando profissionais no interior.
Pretendo também criar um grupo de apoio para fomentar a formação de entidades de classes no interior, pois assim teremos conselheiros do interior participando das decisões de plenária do CREA-AM e dar cada vez mais voz para os profissionais de todo o Amazonas.
BMA: atividade-fim do Crea é a fiscalização. Quais serão as principais medidas tomadas em relação as obras irregulares no Estado?
AFONSO LINS: Minhas propostas de fiscalização estão diretamente ligadas a tecnologia, o que vai contribuir para a rapidez das atividades. Vamos investir em drones para as fiscalizações, o que vai colaborar para facilitar o trabalho de georreferenciamento nas ações na capital e no interior. Além disso, estará disponível ainda este ano o “Crea Cidadão”, que é um sistema de denúncia de fiscalização pelo celular. Com ele, a população vai ter muito mais facilidade para denunciar obras irregulares, usando o celular. E consequentemente, essas denúncias asseguraram ainda mais a segurança da nossa sociedade.
Além do concurso público que vai ampliar e dar mais qualidade para a equipe de fiscalização.
BMA: Após todos esses meses de campanha, qual ponto você destaca que mais ouviu dos profissionais?
AFONSO LINS: Todos estão muito preocupados com o cenário pós-pandemia e pedem para eu usar a minha experiência como gestor para comandar o Crea Amazonas. E eu faço isso com muito amor. Para ser um gestor com resultados é necessário gostar do que faz, e eu tenho paixão pelo sistema e pela evolução dele. As mudanças que proponho são para que os profissionais possam ganhar cada vez mais espaço e voz na sociedade. Eu sou profissional, trabalho como engenheiro na Defensoria Pública do Estado. E vou fazer o que estiver ao meu alcance para que isso aconteça e criar formas de facilitar o trabalho dos profissionais.