Donald Trump e Vladimir Putin realizam tratativas no Alasca, nesta sexta-feira (15), com foco no esforço do presidente dos Estados Unidos para fechar um acordo de cessar-fogo na Ucrânia, mas com uma oferta de última hora de Putin de um possível acordo nuclear também na mesa.
A reunião dos líderes da Rússia e dos EUA em uma base da Força Aérea da época da Guerra Fria no Alasca será a primeira conversa presencial, desde que Trump retornou à Casa Branca.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, que não foi convidado para o encontro, e seus aliados europeus temem que Trump possa tentar forçar Kiev a fazer concessões territoriais.
Trump está pressionando por uma trégua na guerra que já dura três anos e meio, o que reforçaria suas credenciais como um pacificador global digno do Prêmio Nobel da Paz.
Para Putin, a cúpula é uma grande vitória antes mesmo de começar, pois ele pode usá-la para dizer que anos de tentativas ocidentais de isolar a Rússia foram desfeitos e que Moscou voltou ao seu lugar de direito na mesa principal da diplomacia internacional.
Além disso, há muito tempo ele deseja conversar com Trump cara a cara, sem a presença da Ucrânia.
A Casa Branca informou que a cúpula será realizada às 11h, no horário do Alasca – 16h de Brasília.
Trump, que chegou a dizer que acabaria com a guerra da Rússia na Ucrânia em 24 horas, admitiu hoje que o conflito, a maior guerra terrestre da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, tinha se mostrado um osso mais duro de roer do que ele imaginava.
Ele afirmou que, se suas conversas com Putin forem bem-sucedidas, o rápido estabelecimento de uma cúpula tripartite subsequente com Zelenskiy seria ainda mais importante do que seu encontro com Putin.
Uma fonte próxima ao Kremlin disse que havia sinais de que Moscou poderia estar pronta para chegar a um acordo sobre a Ucrânia.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, um veterano da diplomacia russa e parte da delegação do Alasca, disse que Moscou nunca revelou sua posição de antemão.
A Ucrânia e seus aliados europeus ficaram animados com uma ligação na quarta-feira (14), na qual disseram que Trump havia concordado que a Ucrânia deveria estar envolvida em qualquer conversa sobre a cessão de terras.
Zelenskiy disse que Trump também apoiou a ideia de garantias de segurança para Kiev.
Putin, cuja economia de guerra está mostrando alguns sinais de tensão, precisa que Trump ajude a Rússia a sair de sua camisa de força de sanções ocidentais cada vez mais rígidas ou, no mínimo, que ele não aplique mais sanções a Moscou, algo que o presidente dos EUA já ameaçou fazer.
Armas nucleares
Um dia antes da reunião de cúpula, o presidente russo apresentou a perspectiva de tratar sobre outro tema que ele sabe que Trump deseja – um novo acordo de controle de armas nucleares para substituir o último existente, que deve expirar em fevereiro do ano que vem.
Trump disse, na véspera da cúpula, que achava que Putin faria um acordo sobre a Ucrânia, mas ele se mostrou inconsistente em relação às chances de um avanço. Putin, por sua vez, elogiou o que ele chamou de "esforços sinceros" dos EUA para acabar com a guerra.
Uma fonte próxima ao Kremlin declarou à Reuters que parecia que os dois lados haviam conseguido encontrar um terreno comum.
"Aparentemente, alguns termos serão acordados (...) porque Trump não pode ser recusado, e nós não estamos em posição de recusar (devido à pressão das sanções)", disse a fonte, que falou sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.