“Longe é um lugar que não existe”, nos garantiu em 1979 o escritor norte-americano Richard Bach, no livro que emocionou milhões de pessoas mundo afora. Mas não é bem assim. 'Longe' é um lugar que existe sim, mas isso não quer dizer que ele seja difícil de se alcançar. É o caso do famoso destino Lençóis Maranhenses que, apesar de encher os olhos com suas belezas naturais, oferece uma logística tão complicada que faz muita gente desistir antes mesmo de arrumar as malas. Mas não desista, porque vale a pena o ‘sacrifício'. E no final, você vai ver que o 'perrengue' da aventura se torna pequeno diante das emoções que você vai viver.
Pense em um local onde não existe asfalto, fumaça e carbono, buzina, engarrafamentos ou qualquer outro tipo de estresse. Pensou? Pois é, este lugar existe e está no estado do Maranhão, mas distante 250 quilômetros da capital São Luís.
Para chegar até esse paraíso de areias macias – como se estivesse, sido peneiradas e tingidas de branco– e lagoas azuis, o turista vai ter que usar pelo menos quatro tipos de transportes – o avião para chegar a São Luís; uma Van para alcançar Barreirinhas, a porta de entrada para os Lençóis; uma lancha para chegar até Atins e um pau-de-arara (montado em uma caminhonete 4X4) para ser transportado até à pousada o visitante escolher para ficar hospedado durante a temporada.
Como dissemos, os Lençóis não é para fracos. Esse trajeto por via terrestre entre São Luís e Barreirinhas demora em média, 4h e pode ser percorrido de ônibus intermunicipal ou vans particulares que fazem o transfer a partir dos hotéis e do Aeroporto de São Luís.
O Caminho
Na segunda quinzena de janeiro, o portal marioadofo.com foi conferir o Parque Nacional dos Lençóis, apontado pelos guias de roteiros turísticos como “o lugar ideal quem deseja fugir do comum”.
Para quem já está no Nordeste, há a opção de se chegar aos Lençóis pela chamada 'Rota das Emoções', pela Azul, voo que parte de Aracati, onde fica a praia de Canoa Quebrada, no Ceará, às 8h, com destino a Fortaleza. Da capital cearense, o voo decola para Jericoacoara. A próxima parada é em Parnaíba, já no Piauí, uma das entradas para conhecer o Delta do Parnaíba. De lá, o voo segue para Barreirinhas, no Maranhão, porta de entrada para os Lençóis Maranhenses. A última parada (ufa!) é em São Luís, de onde os passageiros podem se conectar com o resto do Brasil. Pode se mais divertido e oferecer uma oportunidade maior de conhecer várias regiões de uma só cajadada? Pode, mas também é um roteiro cansativo e muiuuuiitoooo caro! Portanto, o melhor mesmo é desembarcar no aeroporto Internacional de São Luís (SLZ), que recebe voos direto de diversas cidades brasileiras, como de Manaus
“Nenhum cenário do mundo se compara ao que encontramos nos Lençóis. Na verdade. Quem viver, nunca mais vai Esquecer esse momento!” (Tony Nunes Pinto, tuista, ex-engenheiro da Vale do rio Doce, que já foi a Atins ao menos quatro vezes.
Para os que partem de Manaus (AM), como nós partimos, o melhor mesmo é voar para Recife e de lá fazer conexão para o aeroporto de São Luís. Dali, pegar um transfer no dia seguinte para Barreirinhas, o que pode ser feito por um o preço de R$ de 100 por cabeça. O difícil é conseguir vagas nas vans ou micro-ônibus que fazer o percurso bate e volta.
O roteiro de São Luís até Barreirinhas também pode ser feito de carro pela BR-135 e depois BR-402. Mas, em época de chuva, isso não é aconselhável. Além de que, é um sacolejo constante. Como em todos roteiros turísticos, os viajantes desavisados vão ser “cantados” para fechar pacote de R$ 1.200, mas fuja disso. Informe-se na portaria de seu hotel em São Luís que existem meios para chegar a Barreirinhas por R$ 100. Foi o que fizemos. Até porque, no admirável mundo virtual em vivemos, já vai longe o tempo em que “turista era feito de besta”.
Desembarcando próximo ao deck de Barreirinhas, é hora de negociar o preço da embarcação para chegar ao povoado de Atins, o que é feito pelo rio Preguiça. Nas lanchas individuais, mais sofisticadas e exclusivas, isso pode custar R$ 460. Mas em lanchas a jato – que conhecemos bem das idas ao festival Parintins –, R$ 90, por cabeça está de bom tamanho.
A chegada a Atins reserva outra grande surpresa. Não existe rampa de desembarque ou deck, isso vai ser feiro com a água até o joelho –, cuidado com a bolsa Louis Vuitton!
Ao pisar na areia da praia de Atins, o viajante pode achar que acabou o perrengue. Mas inda não. Agora, você vai subir em um 'pau-de-arara' – veículos 4x4 do tipo Toyota onde os turistas vão na caçamba adaptada com vários bancos –, e percorrer em estrada de terra e areia até a sua pousada.
Optamos por Vila Aty (nome que em tupi guarani quer dizer Gaivota), uma pousada maravilhosa, com 20 suítes de conceito, boutique e um restaurante maravilhoso, o Okarú e uma diária, digamos assim, um pouco salgada: R$ 400 na baixa temporada e R$ 700 na alta estação.
Localizado à beira-mar, entre o Rio Preguiças, a praia e as dunas repletas de lagoas o povoado de Atins é tudo de bom. Esqueça sapatos e tênis, sita a sensação de caminhar pelas estradas de areia. Se despeça do por do sol em um dos bares da praia, tomando uma cerveja e assistindo o sol alaranjado morrer no encontro do rio com o mar. À noite, se permita olhar o céu. Sem a fumaça e poluição das grandes cidades, você vai se encantar ao ver novamente o Cruzeiro do Sul, as Três Marias e Vênus, que você só vislumbrou na infância. Atins ainda é tão selvagem que você pode deslumbrar o retorno dos Guarás ao entardecer ou presenciar, já na escuridão da noitinha, o curioso fenômeno dos plânctons em noites sem lua.
Enfim os lençóis
O ponto alto da viagem aos Lençóis são o passeio às gigantescas dunas bordadas de lagoas, que ocupam uma área de 155 mil hectares. É nesse espaço abençoado pela mãe natureza, que pode ser feito (novamente) em um pau-de-arara (R$ 460), que você vai viver a grande emoção da viagem.
Mas não são apenas as dunas brancas e as lagoas cristalinas que farão você se apaixonar pelos lençóis. Coloque também nas boas lembranças a hospitalidade dos moradores a beleza das pousadas e o clima rústico do local. E aí, quando voltar ao seu destino de origem, com certeza no meio do caminho vai pensar em voz alta. “Lençóis Maranhenses é um roteiro complicado e caro? Ah, pode até ser, mas eu faria tudo outra vez para voltar lá!”.