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Um mês após prisão de Bual, Câmara segue inerte e David Reis vira alvo de críticas

Com uma pizza nas mãos, o vereador Rodrigo Guedes ironizou a demora da Casa Legislativa em analisar o caso e e adotar qualquer medida

Para Rodrigo Guedes, a inércia representa um desrespeito às normas internas - Foto: Reprodução.

Há exatos 30 dias, o vereador Rosinaldo Bual (Agir) foi preso em Manaus acusado de comandar um esquema de “rachadinha” em seu gabinete na Câmara Municipal de Manaus (CMM). A operação “Face Oculta”, conduzida pelo Ministério Público do Amazonas, encontrou R$ 390 mil em dinheiro vivo, cheques acima de R$ 500 mil e ainda apreendeu celulares, documentos e uma arma na casa do parlamentar.

Um mês depois, a Câmara Municipal segue sem adotar qualquer medida política ou administrativa. Não houve corte de salário, suspensão de verbas de gabinete, nem abertura de processo disciplinar. A postura da Mesa gerou críticas e desgaste à imagem do parlamento municipal, alimentando a percepção de proteção corporativa.

O caso ganhou novo capítulo nesta segunda-feira (3/11), quando o vereador Rodrigo Guedes (Progressistas) levou uma pizza ao plenário, simbolizando a sensação de “pizza política” e inércia institucional da Câmara. O gesto viralizou nas redes e expôs o desconforto entre parlamentares.

Comitê anticorrupção cobra cassação
Membros do Comitê Amazonas de Combate à Corrupção (CACC) já protocolaram representação na CMM pedindo abertura de processo político-administrativo para cassar o mandato de Bual. O documento, assinado por seis advogados, afirma que prolongar a falta de resposta “compromete a autoridade moral da Câmara e sinaliza conivência com práticas de corrupção”.

A petição se baseia no Decreto-Lei 201/1967 e no Regimento Interno da CMM, que autorizam a denúncia por qualquer cidadão quando há indícios de quebra de decoro. Para o CACC, as evidências tornam a reação legislativa obrigatória.

David Reis resiste
Mesmo diante da pressão, o presidente da CMM, David Reis (Avante), afirmou que só tomará providências após o fim do processo judicial:

“Não imaginem que esta presidência irá pôr a julgamento uma pessoa que nem indiciado foi”, disse.

A declaração foi recebida com críticas por entidades e parlamentares. Para juristas ouvidos pela reportagem, a legislação que trata de cassação de mandato não exige indiciamento prévio — apenas sinais de conduta incompatível com o cargo, o que, na avaliação de órgãos de controle, já está configurado.

Pressão pública cresce
A falta de resposta institucional, somada à presença de quantias elevadas em espécie e à gravidade das denúncias, intensificou a cobrança da opinião pública. Entre a sociedade civil, cresce a avaliação de que a Câmara abandona seu papel de guardiã do interesse público para proteger um colega.

Rodrigo Guedes, autor do protesto da pizza, afirmou que a Casa “trata corrupção como piada” e que a presidência conduz “uma das piores gestões da história”.

Próximos passos
Com o pedido do CACC protocolado, a Mesa terá de se manifestar formalmente nas próximas sessões. Enquanto isso, a prisão de Bual prossegue, a investigação avança e a sociedade aguarda que o parlamento cumpra sua função constitucional.

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