José Bezerra Guedes (MDB) é prefeito de Tapauá, município localizado a 448 quilômetros de Manaus. Já foi secretário de Educação, vereador e foi eleito em 2016 para comandar a cidade por quatro anos. Nesta entrevista para o Blog do Mário Adolfo, ele diz por qual motivo quer se reeleger nas eleições deste ano, afirma que a Operação Tapauara nunca provou qualquer irregularidade de sua administração e conta que o único sonho é provar que um filho da terra tem a capacidade de deixar a população orgulhosa. Aos 52 anos, Zezito garante que chega forte para disputar a preferência dos eleitores e carrega um lema: “Em Tapauá, nós sabemos onde queremos chegar!”.
Blog do Mário Adolfo: Como estava Tapauá quando o senhor o comando da prefeitura em 2017?
Prefeito Zezito: No fundo do poço. Quebrada financeiramente e completamente desorganizada. Os servidores tinham cinco meses de salários atrasados. As ruas estavam só buracos. Descobri que o que o município arrecadava não era suficiente para fazer tudo mensalmente. A gente teve que arrumar a casa, ver o que precisava em cada secretaria. Até documentos sumiram. Nem as senhas dos bancos estavam disponíveis. Foram seis meses só tentando organizar a prefeitura.
BMA: E o que mudou em seis meses?
Zezito: Fiz um choque de gestão. Com seis meses, com a prefeitura organizada e com o que economizamos, conseguimos projetar nove obras: a reforma da prefeitura, o centro do idoso que estava caindo aos pedaços, o centro cultural, uma quadra do bairro do Açaí, a escadaria, a rotatória, o ramal que interliga a Comunidade do Camarão, o prédio do INSS e o portal da cidade.
BMA: E os projetos deram certo?
Zezito: A gente queria inaugurar tudo no aniversário da cidade, no dia 19 de dezembro. Essa data nunca foi comemorada na nossa cidade, infelizmente. Em outubro Tapauá já estava completamente diferente, a população empolgada e satisfeita e aí no dia 28 de novembro aconteceu a Operação Tapauara. Passei cinco meses fora do cargo. Nunca conseguiram provar nada contra mim. Foi uma armação que consegui me livrar e voltar à cidade.
BMA: E quando o senhor voltou, encontrou a prefeitura como?
Zezito: Tudo o que eu tinha arrumado perderam de novo. O Fundo de Participação do Município (FPM) tava bloqueado, recursos de Educação estavam bloqueados porque não atualizavam o sistema, a Saúde também estava bloqueada. Ou seja, estava tudo engessado. Tive que lutar de novo para organizar a prefeitura. Os convênios que tínhamos firmado com o governo federal perdemos tudo. Foi o resto de 2018 para colocar tudo em funcionamento, mas conseguimos.
BMA: O senhor não teme que usem a Operação Tapauara nas eleições?
Zezito: Já estão usando. Meus adversários falam que as obras que começamos não terminamos porque não quisemos. Não é verdade. As obras ficaram paralisadas por causa da operação. Foram bloqueadas. Só consegui retomá-las quando o Tribunal de Contas do Estado (TCE) liberou depois de provarmos que não havia irregularidades. Já foram retomadas.
BMA: E agora o senhor diria que o Município está caminhando bem?
Zezito: Nessa retomada de obras conseguimos fazer outras. O campo de areia do bairro do Açaí, que agora vai virar uma quadra. Outra quadra no bairro Armando Mendes, o ginásio mais antigo da cidade, que foi derrubado e terá um novo. E conseguimos reformar todas as escolas da sede, as cinco.
BMA: E a pavimentação da cidade, como está?
Zezito: Também está no pacote de obras. Eu te diria que 85% da cidade estava completamente esburacada, sem condição. Fizemos primeiro uma operação tapa-buraco em 2017. Em 2018 já conseguimos um convênio para fazer a pavimentação, que está caminhando. Ao todo, nossa previsão é asfaltar 15 quilômetros em toda a cidade.
BMA: Qual a radiografia que o senhor faz da educação no município?
Zezito: Eu já fui secretário de Educação de 2001 a 2004. Naquela época tínhamos 1.180 alunos e entreguei uma rede com cinco mil alunos. Havíamos aumentado a arrecadação e deixado a educação bem estruturada. Fui vereador de 2005 a 2008 e aí quando fui eleito prefeito, encontrei uma rede com três mil alunos. Entrou em decadência e agora estamos lutando para colocar as crianças de novo nas salas de aula. Consegui aprovar projeto de escola para zona rural, que é indígena. Mais 12 devem ser construídas. Temos mais projetos de três creches, uma escola de 12 salas pra sede, uma de quatro salas na comunidade Camaruã, mais uma na comunidade Foz Tapauá, outra na Fazenda e outra no Panelão. Meu objetivo é deixar Tapauá completamente diferente nesta área.
BMA: Como está a saúde?
Zezito: Recebemos a saúde bem ruim. Minha primeira preocupação foi medicamento. Não tinha nem dipirona. Compramos medicamentos. Assumimos o hospital, que agora é comandado pelo município. Eram dois médicos e agora são dez médicos. São seis unidades básicas de saúde em funcionamento, com três sendo construídas. Por convênio fizemos uma UBS fluvial e queremos construir mais uma. Assim chegaremos às áreas rurais.
BMA: Como foi a questão da Covid em Tapauá?
Zezito: Acredito que estamos trabalhando bem. Estamos com 980 casos, mas mais de 30 dias sem casos. Perdemos cinco pessoas. Conseguimos fazer barreiras sanitárias nos rios e adaptamos a UBS Clara Freire para atender somente as pessoas com Covid. Só ia para o hospital se realmente fosse necessário. Fizemos seis mil testes nas pessoas. Mas continuamos trabalhando, já que ainda não tem vacina.
BMA: Por que o senhor quer se reeleger prefeito de Tapauá?
Zezito: Eu quero continuar sendo prefeito porque, como falei, peguei um município completamente no fundo do poço. E com os atrapalhos que tivemos, ainda temos muitos projetos para terminar e outros para começar e que são muito importantes para o futuro de Tapauá. Eu sou filho de Tapauá e quando vejo quem vai me enfrentar, não acredito que tenham condição de dar continuidade a todo esse trabalho que estamos fazendo. Quero ser prefeito para que eu possa deixar o meu município, a minha casa, arrumada e que gere orgulho ao povo de Tapauá. As pessoas falavam que eu tinha um sonho de ser prefeito. Eu nunca tive este sonho. Eu tenho um sonho: quero mostrar que um filho da terra possa dar orgulhos aos moradores. Esse é o meu objetivo!