A praticamente desconhecida palavra “caquistocracia” ou kakistocracia é feia, soa mal, e o que ela significa é ainda pior! Trata-se, de acordo com a Wikipedia, do “sistema de governo em que os líderes são os piores, menos qualificados e/ou mais inescrupulosos cidadãos”. É, pois, o “governo dos piores”.
O leitor ou a leitora se lembra de algum país que se diz uma democracia mas, de fato, mais parece uma caquistocracia? Claro, muitos nos vêm à mente! São tantos prefeitos, governadores, parlamentares e outros governantes, eleitos ou não, nos mais diversos países, que se enquadram entre os mais inescrupulosos e menos qualificados, que temos a impressão que esse sistema de governo é o que predomina mundo afora!
Vale lembrar uma frase de um ex dirigente do Banco Central dos EUA. Tendo trabalhado com cinco ou seis presidentes daquele país, ele escreveu que gostaria de acrescentar uma emenda à constituição, no seguinte teor: “Quem for capaz de fazer tudo o que é necessário para se eleger presidente será impedido de tomar posse”! A blague reflete, claramente, a avaliação que aquele financista tinha dos seus dirigentes, mais no aspecto moral do que propriamente em termos de capacidade ou incapacidade.
A incompetência de governantes parece ser mazela geral, e muitos se satisfazem ao assim qualificá-los! Mas, o problema maior não é este: é que raramente, muito raramente, os governantes governam com vistas a solucionar problemas vividos pela maioria; pelo contrário, suas ações visam solucionar os problemas deles próprios e de seus aliados próximos, aí não incluídos os eleitores! Assim, apelidos desqualificadores afastam a maioria de compreender a natureza do sistema que os governa. Dessa forma, dificulta encontrar soluções para os problemas reais que vivem!
Há muitos anos ouvi de um futuro ministro da fazenda do Brasil que ele ficava impressionado ao ver, na TV, candidatos pedirem votos afirmando “vote em mim porque quero ajudar vocês!” E ele completava: “imagina, um cara mais mau caráter que eu, mais ambicioso que eu, mais inescrupuloso que eu, chega na TV e diz que quer te ajudar! Como acreditar?” Lembrei-me dessa sua frase pouco antes de ele tomar posse como ministro, uns quarenta anos após ouvi-la! Nunca mais nos encontramos para eu indagar o que ele achava do presidente que o nomeara…
Viver numa caquistocracia, como se vê, é muito comum. Talvez, se desde crianças fôssemos ensinados sobre essa natureza do sistema dominante de governo, poderíamos imaginar e adotar maneiras mais eficazes de escolher dirigentes, evitando que essas figuras malignas, tão frequentes nos palácios, conduzam a humanidade, como tem sido, numa marcha insensata rumo à degradação humana e ambiental!