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Direita x esquerda ainda faz sentido?

Na realidade, há dúvidas sobre o que significa ser de direita, ou de esquerda. Ambos afirmam defender a melhoria da qualidade de vida da população

Criada há mais de dois séculos, a oposição “direita X esquerda” precisa ser superada! As mudanças ocorridas na nossa vida exigem não uma atualização, mas a substituição desses conceitos.

Na realidade, há dúvidas sobre o que significa ser de direita, ou de esquerda. Ambos afirmam defender a melhoria da qualidade de vida da população, a liberdade, valores “civilizados”, respeito a terceiros e muitos outros objetivos aparentemente valiosos, embora não claramente definidos! Tal coincidência revela existir espaço para entendimento, muito além das rasas manifestações de pura ideologia.

Quando da sua criação, a direita era identificada com a defesa dos interesses dos proprietários – nobreza, burguesia, alto clero e outros -, e a esquerda com a defesa dos interesses das ditas “classes populares”. Foi só bem mais tarde que surgiu a ideia de “sociedade de classes”. Tudo isso, nos séculos XVIII e XIX; agora, no século XXI, aquelas categorias ainda fazem sentido?

Aqueles que se acusam mutuamente de “direitistas” ou “esquerdistas” pensam que sim, e se apegam a isso! Mas o apelo a qualquer delas serve mais para dividir que para construir, sendo a necessidade de somar, identificar, edificar e trilhar novos rumos, coletivamente, uma das mais urgentes desse momento histórico. Sabemos todos que continuar a depredar a biosfera não é caminho para interromper a degradação dos humanos e de outros seres vivos!

Quais os novos caminhos?

Há respostas, nenhuma ainda definitiva, mas muitas sugerem possibilidades importantes. A rapidíssimo queda na queima de combustíveis fósseis, no uso de agrotóxicos, no desperdício de alimentos e outros produtos, na redução da geração de lixo, a ampliação da vida útil dos produtos de consumo, o aprofundamento da democracia, a substituição da “moda” pela durabilidade, a garantia de qualidade de vida a todos e todas, além de várias outros objetivos, são necessidade urgentes. Nenhuma delas é clara nos discursos de “direita” ou de “esquerda”. Ou seja, os problemas reais e urgentes ficam ofuscados pela secular oposição que precisa ser superada.

Hoje, há que minimizar oposições, construir alianças e, essencialmente, focar as necessidades das pessoas vivas que tenderão a viver até o fim do século. Ou seja, apreender com os séculos passados para forjar o atual e os seguintes!

Nesse quadro, muito menos que opor “esquerda” x “direita”, há que pensar e agir de forma a elevar a qualidade de vida dos humanos, e fazer isso enquanto se reverte a degradação da biosfera. Prosseguir com a degradação desta é garantia de que a dos humanos continuará.

Não é só a ideia dessa oposição que necessita ser superada. Muitas outras, firmemente ancoradas nas mentes – tais como a ideia de que o objetivo da vida é acumular patrimônio, ou aquela que defende que certos seres humanos são superiores a outros – são, também integrantes do conjunto a ser deletado.

A construção dessa nova mentalidade demanda tempo; por isso mesmo, é urgentíssimo começar sua edificação.

Acesse o artigo publicado no Metrópoles

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