A Amazônia terá voz própria na COP30 e ela virá com sotaque manauara. O empresário Denis Minev, CEO da Bemol, maior varejista do Norte do Brasil, foi nomeado pela presidência da conferência climática da ONU como enviado especial para o setor privado da região. A missão é conectar o setor produtivo amazônico com os 30 objetivos centrais da cúpula global que será realizada em novembro de 2025, em Belém.
Ele integrará um seleto grupo de 30 enviados especiais que terão a tarefa de fomentar o engajamento de setores estratégicos e regiões prioritárias para o combate à crise climática. Sua função será abrir canais de escuta, articular propostas concretas e liderar uma agenda de desenvolvimento sustentável com base na realidade amazônica.
“Preservamos, mas pagamos o preço”
Em carta divulgada pelo site Reset, Denis Minev faz um apelo direto à comunidade internacional. De acordo com ele, é hora de reconhecer o papel histórico da Amazônia na preservação do planeta. Enquanto outras regiões desenvolveram suas economias destruindo biomas inteiros, a Amazônia manteve 80% de sua cobertura florestal original — muitas vezes à custa de seu próprio crescimento.
“A Amazônia não é ré, é credora no balanço ambiental do mundo. A solução para a crise climática é coletiva, mas a culpabilidade, não”, afirma.
O empresário propõe um mutirão global liderado pelos amazônidas, com apoio técnico, político e financeiro do mundo, para converter o modelo econômico predatório em um ciclo de regeneração, inovação e prosperidade.
Nove metas da COP sob o alcance da Amazônia
Minev identificou nove dos 30 objetivos da COP30 em que o setor privado amazônico pode liderar transformações reais:
- Parar e reverter o desmatamento (meta 5);
- Proteger ecossistemas e restaurar a natureza (meta 6);
- Recuperar áreas degradadas e investir em agricultura sustentável (meta 8);
- Criar sistemas alimentares resilientes (meta 9);
- Ampliar educação climática e geração de empregos verdes (meta 18);
- Estimular finanças sustentáveis e climáticas (meta 20);
- Garantir financiamento para adaptação (meta 21);
- Fomentar inovação e empreendedorismo climático (meta 28);
- Fortalecer a bioeconomia e a biotecnologia (meta 29).

O que o mundo deve fazer — e o que cabe à Amazônia
Para viabilizar essa transição, Minev propõe três pilares de responsabilidade global:
- Empréstimos de longo prazo para financiar a nova economia da floresta;
- Investimentos robustos em ciência e tecnologia locais;
- Precificação justa e funcional para os serviços ambientais, como o sequestro de carbono.
Já a parte que cabe à Amazônia — e, principalmente, ao seu setor privado — é liderar com a vitalidade empreendedora da região. Isso inclui escalar a produção sustentável de alimentos e produtos florestais, proteger a biodiversidade, fortalecer a bioeconomia e garantir o ciclo das águas.
Liderança com rosto e equipe amazônida
Denis Minev também apresentou sua equipe: a gestora Geyce Ferreira atuará como chefe de gabinete em sua função como enviado especial. Ela será responsável por coordenar as ações técnicas e os diálogos institucionais com o setor privado e a sociedade civil da região.
“Na próxima carta, buscarei detalhar passos concretos, pragmáticos e factíveis para polinizar uma economia sustentável na região com relativo baixo investimento”, escreveu o empresário.
Uma Amazônia que fala — e quer ser ouvida
A nomeação de Minev marca uma inflexão no debate climático: a Amazônia deixa de ser apenas pauta e passa a ser autora de soluções. Com voz ativa e liderança regional, o objetivo é mostrar que é possível prosperar protegendo — e que o mundo precisa pagar sua parte nessa conta.