O espetáculo de dança-teatro “Gaia” estreia em Manaus, com duas apresentações gratuitas no Teatro da Instalação, localizado na rua Frei José dos Inocentes, no centro histórico da capital amazonense. No dia 26 de setembro, às 15h, tem uma sessão para estudantes do Instituto de Educação do Amazonas (IEA), e no dia 27 de setembro, às 18h, é aberto ao público. A classificação é livre.
A obra é um chamado político e poético para um novo despertar frente à crise climática, reúne arte, filosofia e ativismo em torno de um dos maiores desafios da atualidade: as mudanças climáticas e seus impactos na vida humana e no planeta.
“O espetáculo é inspirado na mitologia de Gaia e na Hipótese de Gaia, assume uma estética poética e apocalíptica, convida o público a refletir sobre nossa relação com a Terra e a responsabilidade coletiva de preservar seu equilíbrio”, afirma a diretora Thays Auzier. “Mais do que sensibilizar, a obra busca engajar comunidades, sobretudo na região amazônica, essencial para o equilíbrio ecológico global”.
A diretora conta que a ideia original, que estava engavetada, já abordava um tema semelhante ao que é proposto agora, mas os recentes acontecimentos e discussões sobre as mudanças climáticas mostraram que era o momento certo de trazer o projeto à tona.
“Quis falar sobre Gaia de uma forma mais filosófica, não aquela imagem idealizada e romantizada que muitos conhecem, mas, sim, sobre um Gaia em colapso. Um corpo em desequilíbrio”, ressalta Thays Auzier. “Quis refletir, através do espetáculo, como essas transformações e os efeitos ambientais impactam profundamente nossas vidas no presente e no futuro”.
Com duração de 20 minutos, “Gaia” foi criado de forma coletiva e evidencia a potência da arte como instrumento de mobilização e resistência ambiental.
“Para que o espetáculo se tornasse realidade, contei com a colaboração de artistas e criadores incríveis. Criar algo do zero, em coletivo, é sempre um processo potente e foi exatamente isso que buscamos, um espaço de laboratório e pesquisa, onde o coletivo teve papel fundamental para dar vida à cena”, comenta a diretora.
Produção
O projeto reúne artistas amazonenses.Thays Auzier assina a direção geral e vem acompanhada de Leandro Andrade na direção de coreografia, Suelen Siqueira na produção, Fernanda Bezerra e Lidi Lopes como intérpretes criadoras, Tainá Andes como colaboradora artística, Gabriel Almeida no design gráfico e Dante Dantas no sound designer.
“Foram três meses de produção e o espetáculo nasce como um grito poético diante das urgências do nosso tempo. Inspirado no mito ancestral da deusa Gaia, mãe da Terra, origem da vida e guardiã dos ciclos naturais, trazemos à cena uma narrativa que une dança-teatro, sonoplastia autoral e um cenário simbólico que evoca tanto a criação quanto o colapso”, destaca Suelen Siqueira.
“Em um estado onde a floresta pulsa como coração do planeta, ‘Gaia’ é também um convite à escuta, da natureza, dos saberes ancestrais e das vozes jovens que herdarão este mundo. Que cada gesto dançado e cada som ecoado neste espetáculo seja uma semente de transformação”, completa a artista.
Diálogo
Suelen Siqueira explica que a sessão para os alunos da rede pública faz parte da proposta de dialogar diretamente com comunidades que vivem e defendem o meio ambiente.
“Queremos provocar reflexão, despertar sensibilidade e fortalecer o vínculo entre arte e consciência ecológica. A arte tem o poder de tocar onde palavras não alcançam. Que ‘Gaia’ seja esse toque, profundo, urgente e necessário”, pontua a artista.
O espetáculo foi contemplado pelo Edital nº 04/2024 – Chamamento Público de Fomento à Execução de Ações Culturais de Dança, pela Política Nacional Aldir Blanc 2024, e tem o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.