Depois de receber das mãos do governador Wilson Lima o título de Patrimônio Cultural do Povo Brasileiro, entregue na noite desta sexta-feira (28), pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aos presidentes dos bois Caprichoso e Garantido, o Boi da Baixa de são José abriu a disputa do 54º Festival Folclórico de Parintins e apostou na emoção do povo vermelho.
Desde a entrada tradicional do apresentador Israel Paulain e a evolução da Lenda Amazônica “O curupira, Sete Espíritos”, na qual o Boi Garantido surgiu logo após o discurso da filha do Fundador do Bumbá, Lindolfo Monteverde, a galera vermelha viveu uma apresentação delirante, mesmo quando um princípio de incêndio atingiu parte da fantasia de um tuxaua, durante a apresentação tribal.
A emoção maior foi vivida nos últimos minutos, quando um módulo alegórico emperrou na saída da arena enquanto os dirigentes se desdobravam para não ultrapassar o tempo de apresentação. A luta contra o tempo foi um momento de sufoco e emoção da galera que vibrava de olho cronômetro.
A apresentação das cantoras Márcia Siqueira, Naiandra Amorim e Roci Mendonça apresentaram-se como “Rosas Vermelhas”, com uma toada na defesa de igualdade de gêneros.
A Lenda Amazônica
O Curupira, Sete Espíritos foi impactante e gerou euforia na arena e nas arquibancadas. A lenda dos índios Tembé Tenetehara, que habitam o Maranhão e o Pará, trouxe o Curupira, simbolizado em um menino do cabelo de fogo e pés para trás, transformado em gigante para proteger a natureza. Incorporado na onça, no gavião, no jacuraru, no camaleão, na cobra e na própria “mãe natureza”, o Curupira surpreendeu pela grandiosidade dos módulos e os efeitos visuais que deram ainda mais imponência ao projeto do artista Roberto Reis.
Da Celebração Folclórica: Aldeia Cultural (Povo Amazônia) de lutas e confrontos, passando pela Figura típica do Juteiro (Povo de Fibra), que resgatou e trouxe para arena a transfiguração do koutakusei, imigrante japonês que veio para a Amazônia e se transformou no caboclo plantador de juta, os camisas encarnadas celebraram o triunfo da flecha no Ritual Indígena Mura, que exaltou confronto dos nativos contra exploradores europeus. O ritual fez alusão aos índios Mura, que jamais se renderam aos invasores.
Texto: Floriano Lins (Parintins-AM)