A Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido perdeu dois recursos na Justiça antes do leilão do terreno onde funcionam a Universidade do Folclore Paulinho Faria e o galpão da Cibrazen. O advogado Rodrigo Barros, representante da credora Rainez Rocha, revelou que buscou diversas vezes um acordo com o Boi Garantido, especialmente na gestão atual, comandada por Fred Góes, mas todas as tentativas foram ignoradas.
"Desde a pré-temporada de 2024, eu pessoalmente venho tentando contato com a diretoria do Garantido, alertando sobre esse leilão e a necessidade de resolver o problema, mas minhas tentativas foram ignoradas e menosprezadas. Ainda em janeiro deste ano tentei novamente contato, sem sucesso. Enquanto isso, o Garantido fez investimentos milionários no curral e em reformas, mas não priorizou o pagamento de suas dívidas", afirmou Rodrigo Barros.
A dívida que levou ao leilão do imóvel teve início em 2002, quando um cheque de apenas R$ 15 mil resultou em um processo judicial. Vinte e dois anos depois, o imóvel foi arrematado por R$ 3 milhões. O arrematante foi o empresário Luiz Alberto Conte Neto, que atua na construção civil.
O primeiro recurso do Garantido foi um agravo de instrumento interposto no final de janeiro de 2025, quando o edital do leilão já havia sido publicado. A defesa alegou que a avaliação do imóvel estava defasada e solicitou uma nova avaliação considerando índices como a SELIC, mas o pedido foi negado.
O segundo recurso foi um pedido de autorização para que um desembargador plantonista analisasse o agravo com urgência e suspendesse o leilão. No entanto, o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargador Jomar Fernandes, indeferiu o pedido, argumentando que não havia justificativa para a atuação excepcional do plantonista e que o Garantido ainda poderia recorrer ao relator do caso antes da realização do leilão.
A notícia do leilão gerou revolta entre segmentos importantes dentro do Boi Garantido e, principalmente, entre os torcedores. A indignação cresceu ainda mais diante do fato de que, em 2024, o bumbá recebeu mais de R$ 20 milhões em patrocínios, o que reforça os questionamentos sobre a administração dos recursos.
Até o momento, o Boi Garantido não se manifestou oficialmente sobre o caso para seus torcedores, sócios e patrocinadores.