Muito antes que as escolas de samba do Rio de Janeiro pensassem em levar o talento dos artistas parintinenses para seu barracões - o que foi feito por Joãozinho Trinta em 1993 -, o GRES Andanças de Ciganos, criado por um grupo de estudantes universitários no bairro da Cachoeirinha, teve a ideia de trazer o genial Jair Mendes para assumir seus enredos.
Jair Mendes, que nos deixou neste sábado (15), aos 89 anos, foi o grande mestre que iniciou a revolução no boi bumbá de Parintins, criando alegorias até então inimagináveis de serem concebidas pela mente humana. De sua imaginação e mãos habilidosas, o boi ganhou vida; botos esculpidos em esponja saltavam da água; pássaros de plásticos voavam; e até cobra grande deslizava sobre as arquibancadas do bumbódromo de Parintins. Foi esse genial artista que levou o folclore de Parintins ao Panteão onde se encontra hoje.
— Jair Mendes, foi o responsável pela grandiosidade de nosso festival, foi gênio, e inspirou os artistas que vieram depois. Mestre Jair, um dos maiores que nasceu na ilha, disse ao mario.adolfo.com o compositor Carlos Paulain, o autor de “Ninguém Gosta Mais Desse Boi do Que Eu”.
Jair Mendes, que ensinou se truques mágicos a outros grandes artistas da ilha, esteve à frente da escola de samba “Andanças de Ciganos” por três carnavais. Num deles, a escola chegou a se sagrar vice-campeã, quando levou à passarela da Djalma Batista -, na época o sambódromo ainda nem havia sido construído -, o enredo “Os Deus do Olimpo”. O abre alas. confeccionado por Jair foi simplesmente Pégasos, o cavalo voador da mitologia. E acreditem, o cavalou bateu asas e voou.
Coisas de gênio.