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João Paulo: “Tenho uma supresa este ano, mas só revelo na Arena”

Em entrevista ao marioadolfo.com, amo do Garantido fala da expectativa para este ano e responde sobre o que levará para a apresentação no bumbódromo

João Paulo Faria na casa do pai, Zezinho Faria - Foto: Mário Adolfo/BMA.

Parintins (AM) -  A caminho de uma pizzaria famosa de Parintins, o pai de João  Paulo Faria, o empresário Zezinho Faria - um dos primeiros presidente do boi bumbá Garantido -, nos obrigou a ir na carroceria de sua picape para que as mulheres fossem na cabine, com maior conforto. Por todo percurso fomos ouvindo as manifestações das pessoas na rua, mulheres, homens, crianças e até torcedores do boi contrário quando identificavam quem era que estava no carro.

— Iuhuuu! É o JP!
— Gente é o JP o amo do boi!
— João, pega leve com meu boi ! - gritavam. João respondeu a todos fazendo coraçãozinho com as mãos e abrindo o sorriso alvo na vasta barba negra.

Essas manifestações de carinho fazem parte do cotidiano do jovem amo do boi, de 36 anos, pós-graduado em marketing pela ESPM (São Paulo). Ele está vivendo seu melhor momento na carreira de amo do boi do coração.

O marioadolfo.com entrevistou o artista em sua casa, onde ele revive as memórias de infância cercado pelo carinho dos pais, Zezinho e Emília Faria.

Confira a entrevista:

Mario Adolfo: Como você está recebendo esse interesse da mídia sobre sua performance de amo e o carinho das pessoas - até do boi contrário/ por onde você passa?

João Paulo: Fico muito feliz porque é um trabalho que eu amo. É claro que muitas coisas demandam esforço e dedicação, como é o caso dos versos, que são muitos pra compor por ano. Às vezes são longos e eu tenho que contar num espaço de tempo limitado

MA: Essa dedicação você traz no DNA né, afinal, seu pai foi presidente do Garantido, sua mãe se apresentou no boi e seu tio, Paulinho Faria foi o
mais incrível apresentador, não é?

JP: Sim, fui criado nesse meio e por conta da minha família aprendi a amar o que faço. Então, ter o reconhecimento do público - às vezes até da galera contrária -, me deixa muito feliz e me dá essa tranquilidade pra chegar na arena ainda mais seguro e confiante.

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MA: E quando ao invés do carinho vem um xingamento, por conta de um verso  mais crítico?

JP: Aí a gente releva, pois  sabe que o torcedor está só brincando. Mas isso acontece mais na internet, pessoas que se escondem nas redes sociais. Aí eu bloqueio ou ignora,  mas não levo pro coração.

MA: Quando  você descobriu que tinha talento para escrever versos e se tornar um amo do boi?

JP: Quando eu era pai Francisco eu já versava, mas não fazia isso em público por respeito ao Tony Medeiros (ex-amo do boi) que estava nisto há muitos anos. Poderia me acusar que queria tomar a vaga dele. Mas quando o Tony saiu eu falei, “quer saber, vou postar meus versos”. Mas postava na página do meu tio (Paulinho Faria) que tinha muito mais seguidores. Foi ele que publicou o primeiro.

MA: E como era este verso?
JP: essa noite eu tive um sonho: que causou estranheza/  sonhei com um boi campeão/ mas para minha tristeza/ não era branco era preto /e vinha lá da Francesa/ e todos festivais ele sempre disputou/ mais de 40 troféus para o Palmares levou/ Mas de repente  acordei suado e febril/ parabéns  boi contrário/ hoje é primeiro de abril” (risos)

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MA: Você não tem medo  que, no calor da disputa cometa algum deslize, como aquele que você pisou na pele negra do Caprichoso e foi chamado de “racista” pelos adversários?

JP: Eu apenas continuei um verso do Lindolfo Monteverde. Nessa época os versos eram curtos e dizia assim: “Se eu pegar o boi  contrário/ esfolo igual jacaré/ tiro toda carne fora e deixo a caveira em pé e complementei o verso: “se eu te pegar boi contrário esfolo igual jacaré tiro toda carne fora e deixo a caveira em pé,
Do chifre faço caneca pra beber no São José e ainda jogo tua estrela pros bichos do igarapé, do couro do boi contrário faço um recorte bonito/ na frente do meu curral/ vou deixar estendido/pro Mundo inteiro saber e ficar bem definido/ o boi contrário serás o tapete do garantido”.

Não tem racismo. Na verdade o contrário é inspirado numa raça Guzerá e o garantido numa raça Hindu Brasil. Essa são as raças que o boi representa em todas as ideologias de ambos os bois Não tem nenhum boi com diferenças de raça, credo e ideologia. Os dois bois são do povo.

MA: Que mensagem vc diz aos torcedores que estão ávidos por um título?

JP: Eu tenho muita fé que o Garantido esse ano vai conquistar o campeonato.Estou muito feliz por nós termos retornado a nossa poesia, com toadas que são falas poéticas, gostosas de cantar não precisa ser aquele pula pula. A toada tem que ter poesia pra ser declamada pela galera, como é o caso de Perrecheologia e esse tema que fala de nós mesmos. Eu adoro quando o Garantido conta sua própria história, porque nossa história é muito rica, então além dos desafios, temos muitos versos de diferenças históricas e é algo que gosto demais.

MA: nos últimos dias vc foi visto em companhia do Prince (ex amo do caprichoso). Vem alguma surpresa por aí?

JP: (risos) Tenho acompanhado as notícias na rede, mas eu vou deixar pra revelar esta surpresa lá na arena!

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