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Lula quer convidar Trump para a COP30 em Belém

Washington e Brasília atravessam uma crise diplomática e comercial devido ao aumento das tarifas de Trump e ao julgamento de Jair Bolsonaro

Lula e Trump vivem uma crise diplomática e comercial - Fotos: Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta terça-feira (5), que planeja ligar para Donald Trump para convidá-lo à COP30 em Belém, mas não para falar sobre as tarifas que o presidente dos Estados Unidos impôs ao país pois, segundo ele, Trump não quer conversar sobre isso.

Washington e Brasília atravessam uma crise diplomática e comercial devido ao aumento das tarifas de Trump e ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado do republicano.

"Eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para a COP, porque quero saber o que ele pensa da questão climática", disse Lula, à véspera da entrada em vigor das novas tarifas alfandegárias.

No início de seu mandato, Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris de 2015, o que coloca em risco os esforços globais contra o aquecimento global. Desde então, manteve uma política de ceticismo climático.

A COP30 será realizada em novembro na cidade de Belém, capital do estado do Pará.

Lula indicou nesta terça-feira que não deseja tratar com seu par do espinhoso tema das tarifas: "Eu não vou ligar para o Trump para comercializar porque ele não quer falar", declarou durante uma cerimônia oficial em Brasília.

Em 30 de julho, Washington anunciou uma sobretaxa de 40% sobre parte dos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, que se soma aos 10% já anunciados em abril.

Trump justificou essa medida com razões políticas, ao denunciar uma suposta "caça às bruxas" contra Bolsonaro, que está em prisão domiciliar desde segunda-feira por uma suposta tentativa de obstrução ao julgamento que enfrenta por acusações de tentativa de golpe de Estado.

Lula criticou o "marco lastimável" que essas tarifas representam na relação bilateral. "O presidente norte-americano não tinha direito de anunciar taxações como anunciou ao Brasil", enfatizou.

O presidente não mencionou a prisão de Bolsonaro, acusado de liderar uma conspiração para desacreditar o resultado das eleições de 2022, quando foi derrotado por Lula.

Na noite de segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes ordenou a prisão domiciliar de Bolsonaro por descumprimento das medidas impostas em meados de julho, quando lhe foi proibido se expressar nas redes sociais.

Na Câmara dos Deputados, parlamentares bolsonaristas denunciaram nesta terça uma "censura" contra o ex-presidente, colocando uma fita adesiva na boca.

Eles também impediram a realização dos debates na Câmara e no Senado, e anteciparam que manterão a "obstrução" dos trâmites legislativos até que seja votado um pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes e um projeto de anistia geral que, segundo os críticos, poderia beneficiar Bolsonaro.

A pauta de ambos os projetos tem sido resistida pelos presidentes das casas.

"A solução é parar de perseguir Jair Bolsonaro e a oposição", disse à AFP o deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG).

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