De 26 de setembro a 1º de outubro acontece em Boa Vista (RR) o Festival Mormaço Cultural 2023. Serão mais 30 atrações locais e nacionais, em mais 30 horas de programação no Teatro Municipal e no Parque do Rio Branco. Mas o que pouca gente sabe é que o criador do projeto no estado vizinho é manauara e também foi um dos responsáveis por, lá em 2015, lançar o Passo a Paço pela Prefeitura de Manaus.
Dyego Monnzaho assumiu a Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista (Fetec), em janeiro deste ano. Ao Portal do Mário Adolfo, contou que, após passar pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), onde foi diretor de eventos na gestão passada, resolveu fazer mestrado em Portugal. De lá, em diálogo com a Prefeitura de Boa Vista, surgiu a ideia do Festival Mormaço.
"Eles tinham necessidade de criar um projeto cultural para Boa Vista. E em 2022 eu ofereci o festival, entendendo as lacunas que existiam na cidade referentes a eventos e coletivo cultural. Deu certo e acabei sendo convidado, pouco tempo depois, pra assumir a presidência da Fetec", explicou.
Na segunda edição, o Festival Mormaço Cultural, hoje, é definido como um projeto de intervenção urbana, artística e cultural que ativa pontos turísticos da cidade e com programação plural, envolvendo música, gastronomia, cultura urbana, educação patrimonial, história e diversas outras atividades.
"O primeiro foi um sucesso local, com impacto positivo na cidade, mas alcance menor. Nesta edição, depois da experiência do ano passado, já fomos alcançando novos territórios e projeção maior do festival. A gente está com um bom trade de divulgação, tanto em Manaus, que a cidade mais próxima de fluxo turístico, em outras cidades do Norte e também com ações em capitais do País. O Mormaço ainda está iniciando, mas a gente já tem essa visão de transformar em produto turístico, porque tem muito potencial", assinala o diretor-presidente da Fetec.
O que chama atenção
Questionado sobre o que tem feito o Mormaço despertar tanta atenção de moradores de outros estados - já existem grupos programando saída de Manaus para irem curtir o festival -, Dyego é taxativo ao explicar que eventos deste porte precisam de curadoria cuidadosa. Ou seja, uma pesquisa cautelosa com estudos e reuniões para definir o que, de fato, tem impacto cultural na vida das pessoas e da cidade.
"O diferencial é a curadoria feita pra montar a programação. O que queremos quando montamos este tipo de festival? O que as pessoas podem levar pras suas vidas? Isso faz muita diferença quando se faz este tipo de evento. A gente tem um recorte curatorial técnico em que são aplicados conceitos e que transformam o festival dentro de uma linguagem mais pop, moderna e urbana. Essa ligação e impacto que causamos até em outros cidades é devido a este olhar curatorial que já está posto", afirma Dyego Monnzaho.
A experiência veio do Passo a Paço, criado pela Prefeitura de Manaus em 2015 para ocupar o Centro Histórico, comemorar o aniversário da cidade e sedimentar, a longo prazo, uma cultura de valorização do local onde Manaus nasceu. Dyego foi diretor geral de todas as edições da gestão passada - de 2015 a 2020 - e curador do evento, dividindo as pesquisas e opiniões sobre as atrações com outros membros da Manauscult.
O que foi criado no Amazonas agora inspira outro estado até mesmo nas atrações. No Mormaço deste ano, por exemplo, artistas como Emicida, Duda Beat, Xamã, Alcione, Biquini e Johnny Hooker já passaram pelo Passo a Paço e têm chamado atenção do público de outras cidades.
"A programação e line up e acabam convidando as pessoas a entenderem que aquilo ali tem uma pegada ousada e diferente mesmo, que chama as pessoas a virem conhecer Boa Vista", conclui Monnzaho.