De janeiro até julho, caiu pela metade o número de mulheres interessadas em doar leite humano para crianças internadas em unidades de saúde no Amazonas. Apesar disso, o volume de doações aos Bancos de Leite Humano (BLH), mantidos pelo Governo do Estado, teve leve alta de 4,8%. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).
O Governo do Amazonas mantém três bancos de leite em funcionamento. Bebês prematuros e de baixo peso que estão internados em unidades de saúde, e não podem ser amamentados pelas próprias mães, tem a chance de receber os benefícios do leite materno. O alimento ajuda a evitar infecções, diarreias, alergias e, com ele, a criança tem ganhos na imunidade e maior chance de recuperação.
Mãe doadora, Thalita Menezes, 33, descobriu a importância da doação de leite após um dos filhos gêmeos precisar de doação ao ser internado na Unidade de terapia intensiva (UTI).
“Ele ficou na UTI por nove dias. Foi muito interessante estar dos dois lados da moeda, porque apesar de eu saber da importância da doação do leite, é só quando você está recebendo que entende de fato a importância de doar. Com certeza, foi o leite materno que o ajudou a se recuperar mais rápido”, disse Thalita.
De acordo com a SES-AM, o incentivo às doações é um dos objetivos da campanha Agosto Dourado, que ressalta a importância do aleitamento materno em todo o país. Por isso, além de ampliar as doações, é importante aumentar o número de mulheres doadoras.
Nos sete primeiros meses deste ano, 556 mães mantiveram as doações, enquanto no ano passado eram 1033. Mesmo com o menor interesse de mulheres por doarem, o volume de leite captado pelos bancos do Amazonas cresceu, entre janeiro e julho.
Os resultados refletem os esforços das mães doadoras e também das equipes que trabalham nos três bancos de leite estaduais. O Banco de Leite Fesinha Anzoategui, na Maternidade Estadual Balbina Mestrinho; o Banco de Leite do Galileia, na Maternidade Azilda Marreiro; e o Banco de Leite do Amazonas, que fica na Maternidade Ana Braga.
“Eu acho que é o mínimo que posso fazer por essas crianças”, diz a mãe Carolina Belichar Picanço, 35, que passou a ser doadora após ouvir o relato da amiga, Thalita.
“Me emocionou tanto que eu decidi que precisava doar. Deus me deu em abundância e é o mínimo que podia fazer. É muito gratificante ouvir os relatos das mães que receberam o leite, é lindo demais saber que está salvando vidas”, disse.
Toda mulher que amamenta pode se tornar doadora de leite humano. A seleção é feita pelo médico responsável pelas atividades assistenciais dos bancos de leite. Ao ser doado, o leite passa por um processo de seleção e classificação, sendo pasteurizado e, por fim, submetido a um controle de qualidade microbiológico.
Como funciona o Banco de Leite?
O BLH é responsável por ações de promoção, proteção, apoio ao aleitamento materno e execução de atividades de coleta da produção lática, sendo proibida a comercialização dos produtos por ele distribuídos.
A população também pode fazer doações de frascos de vidro e tampa de plástico. A partir de 10 unidades, a equipe do Banco de Leite pode ir até o local indicado para fazer a retirada dos frascos doados.
Requisitos
- Estar amamentando ou ordenhando leite para o próprio filho;
- Ser saudável e apresentar exames pré ou pós-natal compatíveis com a doação de leite ordenhado;
- Não fumar mais que 10 cigarros por dia;
- Não usar medicamentos incompatíveis com a amamentação, álcool ou drogas ilícitas;
- Realizar exames como hemograma completo, VDRL, anti-HIV e demais sorologias usualmente realizadas durante o pré-natal
Outros exames podem ser requisitados conforme perfil epidemiológico local ou necessidade individual de cada doadora. Para ser doadora de leite humano ou fazer doação de frascos, basta entrar em contato com um dos Bancos de Leite.