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O lamento de raça de um índio Sateré-Mawé

Liderança indígena, Alcemi Costa Silva, lamenta as agressões que seu povo vem sofrendo no atual governo.

Parintins (AM) - Em meio à movimentação festeira da ilha de Parintins, a ilha do boi bumbá, uma liderança indígena lamenta a situação desesperadora e as agressões que seu povo vem sofrendo no atual governo.

Seu nome é Alcemi Costa Silva, da etnia sateré-mawé, remanescente da região de Barreirinha, município próximo a Parintins, onde ele pinta, com tinta de urucum os traçados indígenas em corpos de visitantes que desembarcam na ilha para viver as emoções do maior festival folclórico do país.

— A situação do meu povo preocupa porque, em meio a tanta festa, não nenhum trabalho de assistencia social às comunidades indígenas que estão vivendo com dificuldade -, relata Alcemir Sateré, que é filho de uma famosa liderança tradicional, o Capitão Zezinho, já falecido.

— A festa do boi tem um lado bom, porque nosso povo é homenageado. Mas tem um lado negativo, pois nossa cultura é explorada comercialmente sem nenhum retorno- , compara o indígena, lembrando que a festa do boi bumbá é toda montada em cima das tradições indígenas, tanto visual quanto musical, principalmente quando resgata os rituais. “Que tal uma cesta básica para as comunidades indígenas , na entrada do sambódromo?”, sugere.

Alcemir mete o dedo na ferida ao dizer que teme pelo futuro de seu povo, que vive hoje as ameaças do garimpo ilegal em suas terras, assiste, sem poder fazer nada, índias adolescentes serem abusadas sexualmente e lideranças serem assassinadas ao resistir ao abuso em suas reservas.

— Hoje o mundo se estarrece diante do assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno. Mas não é difícil saber quem matou esses dois defensores dos índios e da Amazônia. Quem matou Dom e Bruno é quem permite garimpos em nossas terras, promove o desmonte de órgãos de fiscalização ambiental e quem silencia diante de tamanha atrocidade contra os índios-, protesta Alcemir Sateré, enquanto pinta, por R$ 10 mais uma tatuagem no braço de um turista.

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