A Polícia Federal (PF) concluiu, na manhã desta quarta-feira (27/8), o inquérito instaurado após a deflagração da “Operação Tupinambarana Liberta”, que investigou membros da alta cúpula do Governo do Amazonas por suspeita de manipulação nas eleições municipais de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus).
De acordo com a PF, cinco agentes públicos foram formalmente indiciados e deverão responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção eleitoral e abolição do Estado Democrático de Direito. O nome deles não foi divulgado pela polícia.
Em outubro de 2024, foram alvos da Operação o ex-diretor presidente da Cosama, Armando do Valle, os secretários Apolo Muniz e Fabrício Barbosa, além do comandante da Roçam, Jackson Ribeiro e do capitão Guilherme Navarro. Eles foram filmados em uma reunião suspeita de favorecer a candidata Brena Dianná, que disputava a prefeitura de Parintins.
A investigação da PF apontou que o grupo criminoso teria utilizado parte da estrutura do governo estadual, inclusive com apoio de membros da força policial, para favorecer a chapa de Brena Dianná. As práticas identificadas envolvem compra de votos e ações voltadas a impedir o livre exercício do direito ao voto.
O inquérito já foi encaminhado ao Ministério Público Eleitoral, que analisará os elementos apresentados e decidirá pelas medidas judiciais cabíveis. A pena somada dos crimes investigados pode chegar a 20 anos de reclusão, considerando as qualificadoras previstas em lei.
Sobre a Operação
A apuração teve início a partir de uma notícia de fato apresentada pelo Ministério Público Eleitoral de Parintins em 16/9/2024. Durante as diligências, surgiram indícios de que líderes comunitários ligados a uma facção criminosa nacional estariam ameaçando eleitores e impedindo a circulação de candidatos em determinadas áreas da cidade.
Além disso, os investigadores encontraram sinais de omissão deliberada por parte de agentes públicos para beneficiar a candidatura favorecida, bem como provas de que o grupo monitorava adversários políticos e até mesmo os deslocamentos de equipes da Polícia Federal, numa tentativa de obstruir a atuação da corporação.
A operação foi deflagrada no dia 3/10/2024 e contou com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar do Amazonas, que acompanhou a execução das ordens judiciais contra os policiais militares envolvidos.