Nos anos 1980 e 1990, o então vereador Francisco Praciano (PT) tirou o sono de empresários, das oligarquias e dos ‘donos do poder’ usando como arma apenas uma Kombi. Na sua militância política, que o elegeu para quatro mandatos de vereador e dois de deputado federal, Praciano estacionava sua Kombi no local onde as coisas não estavam caminhando bem, subia para o teto e abria o verbo. Hoje, frustrado com a vida política de Brasília e derrotado por Omar Aziz (PSD) na última eleição para o Senado, o velho Praça – como é chamado pelos amigos e eleitores -, retornou para o Ceará, onde mora na beira da praia.
Apesar da vida mansa, longe do estresse do Congresso e da militância política, ele contraiu uma bactéria que afetou outros órgãos e o manteve por três meses na UTI de um hospital de Fortaleza. Hoje, recuperado, garante que não sente nenhuma saudade de Brasília, mas não esconde que pretende retornar à política do Amazonas. Mesmo tendo consciência que a qualidade do voto do amazonense às vezes o desestimula.
A entrevista:
Blog do Mário Adolfo – O caminho para organizar o estado do Amazonas seria mesmo as eleições suplementares?
Francisco Praciano – Infelizmente, as eleições foram suspensas! Mas, os motivos de sua possível realização estão ligados ao crime. Crime de usar indevidamente a máquina pública, crime de corrupção pra financiar a campanha, crime de caixa 2. Enfim, crime de agredir a democracia e o povo. Os criminosos, Melo e Omar, eleitos pelo crime, sem liderança. Sem credibilidade, sem ética e sem história. Lideranças de papel (papel-moeda), eleitos pela imoralidade. Portanto, tudo justifica a eleição suplementar. Até porque este governo, o governo da dupla Melo/Omar se mostrou inócuo, incompetentes. E não poderia ser diferente. Que pena, os governos do Omar e do Melo foram oito anos perdidos. As eleições suplementares seriam uma oportunidade para recuperar o erro de eleger figuras tão insignificantes como o Melo e Omar!
BMA – Amazonino e Eduardo Braga, estão no páreo para retornar ao governo. Que leitura o senhor faz disso?
Praciano – A mesmice. Os de sempre. O amazonense precisa inovar no voto, ser mais ousado. Estamos sendo governados por promessas, sonhos e mentiras. Vamos analisar esse sonhos e fraudes eleitorais. Ecocity, do Artur (Virgílio): uma cidade flutuante seria uma alternativa para Zona Franca. É de matar de rir pra não chorar; Terceiro Ciclo, do Amazonino: Uma fraude. O nosso interior é testemunha desse estelionato; Zona Franca Verde, do Eduardo Braga: Não passou de uma promessa não realizada. Um sonho que passou, só bla, bla, bla… Omar Aziz e José Melo: Nem sonhos e nem promessas. Fraude absoluta!
BMA – Então nenhum candidato presta? Nem o do PT?
Praciano – Meu candidato é o Ze Ricardo (PT). Tem condições de quebrar o círculo vicioso, a mesmice que impera na política do Amazonas há mais de 40 anos.
BMA – Tudo bem que o senhor vai apoiar o Zé Ricardo, mas se ele não for para o segundo turno o senhor fecha com Eduardo Braga, como já fechou em 2014?
Praciano – Vou acompanhar a decisão do partido! E difícil o PT apoiar quem, apoiou o golpe!
BMA – Mesmo sabendo que Eduardo votou pelo impeachment de Dilma, ou seja, endossou Michel Temer, o senhor ainda apoiaria ele, como já apoiou uma vez?
Praciano – Na última eleição o PT decidiu apoiar o Braga. Uma aliança eleitoral com um ex-ministro do nosso governo, com um líder do nosso governo e com um politico de relações fortíssimas com Dilma/Lula. Para o Estado era fazer uma aliança forte com o governo. Agora, com o apoio ao golpe e com o voto a favor das reformas Trabalhista e da Previdência Braga inviabiliza a aliança. Acompanharei o PT.
BMA – Isso não é fisiologismo? Numa eleição faz aliança, sobe no palanque, rasga uma biografia e na outra eleição aquele aliado é o adversário da vez?
Praciano – Aprendi uma coisa. É difícil manter a coerência absoluta na política. Que o diga a Vanessa (PCdoB), Marcelo Ramos (PR) e outros. Têm momentos que você ou flexibiliza ou mete o pijama! E meter o pijama não ajuda em nada o povo. Às vezes vale mais um programa social na mão do que duas ideologias voando.
BMA – O senhor acha que depois de tantos escândalos o PT tem chances de se erguer em 2018?
Praciano – O futuro do PT depende muito do próprio futuro do Lula. Por isso as elites e os hipócritas querem vê-lo na cadeia, porque teme um novo mandato, como o povo já se manifestou nas pesquisas. Lula é peça-chave para o futuro do PT, assim como foi essencial ao longo dos 37 anos de existência do Partido. Nenhum petista tem dúvidas de que Lula é maior que os agrupamentos internos do PT. O futuro do PT e do próprio Lula, assim como os destinos do país, estão sendo jogados neste momento. É impossível dissociar o personagem Lula do futuro do PT e do Brasil – o PT e o Brasil precisam do Lula. o Brasil. É possível observar – até os adversários sabem disso -, que a despeito do “massacre midiático-fascista” desferido contra o Lula por mais de década, o povo reconhece nele o líder popular com capacidade de recuperar a confiança do Brasil diante da terrível devastação causada pelo golpe que está em andamento. Claro que isso desgastou o parido, mas não sua militância que é inteligente para não embarcar em linchamentos políticos.
BMA – O senhor ainda tem pretensões políticas no Amazonas , mesmo morando em outro estado, o Ceará?
Praciano – Tenho vontade de fazer política, de participar, de ajudar o povo. Mas, sinceramente, não tenho saudade de Brasília. Tenho saudades do Amazonas. Quero voltar. Outra coisa que me desestimula é a qualidade do voto. Fiquei triste com as pesquisas pro governo suplementar. Parece que as coisas não vão mudar. Perdi pro Omar, puta que o pariu!
BMA – Os problemas de saúde estão superados? Como o senhor se sente hoje?
Praciano – Foi difícil, mais de três meses de UTI, mas estou quase recuperado. Mas agora está tudo beleza. Já estou fazendo até imoralidade! (risos)!
“Perdi pro Omar, puta que o pariu…” (Praciano)