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'Vermelho' é Amazonas: reação à fala de Luciano Huck mobiliza amazonenses e autor da toada

"Fafá de Belém gravou uma música que achou que virou um hino da cultura paraense", disparou Luciano Huck,. "E virou hino do Benfica, time de Portugal", completou Fafá.

Luciano Huck e Fafá de Belém no Domingão

A exibição do programa “Domingão com Huck” no último domingo (27/7) reacendeu um debate sensível sobre pertencimento cultural e apagamento de origens. Ao receber a cantora Fafá de Belém no palco, o apresentador Luciano Huck afirmou que a música “Vermelho” — interpretada pela artista — seria uma representação da cultura paraense. A declaração gerou uma enxurrada de críticas nas redes sociais, especialmente por parte dos amazonenses.

"Fafá de Belém gravou uma música que achou que virou um hino da cultura paraense", disparou Luciano Huck,. "E virou hino do Benfica, time de Portugal", completou Fafá.

A música em questão, “Vermelho”, foi composta por Chico da Silva em 1996 para o Boi-Bumbá Garantido, de Parintins (AM), e é considerada uma das toadas mais emblemáticas da cultura amazonense e parintinense. Tornou-se, desde então, uma espécie de hino não oficial do boi encarnado e da manifestação folclórica mais importante do Norte do país.

“LucianoHuck precisa urgentemente aprender sobre a cultura do Norte”, escreveu a internauta Jess (@jessicapopoff_), em uma das postagens mais compartilhadas após o episódio. “‘Vermelho’ é uma TOADA do Boi @garantido e, portanto, um símbolo da cultura PARINTINENSE/ AMAZONENSE”, completou, evidenciando a indignação com o que muitos consideraram um ato de invisibilização cultural.

O próprio autor da música, Chico da Silva, se manifestou nas redes sociais. Em uma publicação carregada de emoção e firmeza, ele relembrou a origem da toada: “‘Vermelho’ é toada de boi. É a alma do @boigarantido. É cultura popular do Amazonas em forma de arte.” Segundo ele, embora a interpretação de Fafá de Belém tenha ajudado a popularizar a canção nacionalmente, é fundamental que se reconheça sua origem em Parintins.

A repercussão escancarou uma ferida antiga: a recorrente apropriação ou apagamento de elementos culturais em nome de uma generalização que privilegia visões externas. Como reforça Chico da Silva em sua nota, “‘Vermelho’ é Garantido. É Amazonas. É Parintins. É o batuque da arena, é a paixão do curral, é o povo encarnado em festa.”

Fafá de Belém, por sua vez, não foi alvo direto das críticas, mas também recebeu menções por não tem corrigido o apresentador. A maioria das manifestações exaltou sua contribuição para a projeção nacional da toada, mas reiterou que o reconhecimento da origem é inegociável.

A polêmica também escancarou, mais uma vez, a força da cultura parintinense na internet e a vigilância do povo amazonense diante de qualquer tentativa de distorção. Como escreveu Chico da Silva, com gratidão e firmeza:

“Com a força que só quem já gritou ‘Garantido!’ sabe", afirma Chico no Instagram.

A postagem de Chico da Silva: 
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