Após a demissão do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, Jair Bolsonaro convocou uma coletiva para as 17h desta sexta-feira (24) para, segundo ele, "restabelecer a verdade sobre a demissão a pedido do Sr. Valeixo, bem como do Sr. Sérgio Moro”. O país inteiro esperou por essa verdade em vão. Bolsonaro falou sobre seu cartão corporativo; sobre a facada que recebeu na campanha de 2018; sobre o telefonema de seu porteiro no condomínio da Barra da Tijuca (RJ); sobre a prisão da avó de sua mulher por drogas; a falsificação de documentos pela sogra; o aquecedor da piscina que é desligado; o café da manhã com deputados, na sexta-feira e até (pasmem!) sobre os namoro de seu filho 04. O capitão só não explicou por que decidiu demitir o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo.
Quem matou Marielle?
Durante o pronunciamento, Bolsonaro se queixou da lentidão da PF, sob comando de Valeixo e de Moro, na apuração do inquérito sobre a facada sofrida pelo então candidato à presidência na campanha eleitoral de 2018.
Chefe supremo
— A PF de Sergio Moro se preocupou mais com quem matou Marielle (Franco, ex-vereadora do Rio) do que com quem tentou matar seu chefe supremo. Cobrei muito deles isso daí, não interferi –, disse o presidente Jair Bolsonaro.
Moro na mira
O procurador-geral, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a instauração de um inquérito para apurar as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, contra o presidente Jair Bolsonaro. Aras já tinha excluído Bolsonaro das investigações sobre a manifestação de domingo passado, que pediu o fechamento do Congresso Nacional do DSTH e a volta do Ai-5, mesmo Bolsonaro tendo discursado no ato, sobre a boleia de uma caçamba – imagem que circulou abertamente nas mídia. A intenção de Aras parece focar mais possível “crime de denunciação caluniosa” de Moro, do que a possível “prática de ilícitos do Presidente da República”
Engavetador-geral da República
Se continuar assim, Aras – que foi indicado por Bolsonaro –, é um forte candidato ao título de “engavetador-geral da República”, apelido dado ao procurador Geraldo Brindeiro, indicado pelo então presidente Fernando Henrique Cardosos.
Engavetador-geral da República 2
Brindeiro engavetou o inquérito do escândalo da pasta rosa, engavetou a denúncia da compra de votos da emenda da reeleição e mais uma infinidade de corrupções foram para a gaveta. O histórico de arquivamento o fez ganhar a justa alcunha de “engavetador-geral da República”.
Grande impacto
No pronunciamento em rede nacional de Jair Bolsonaro sobre a demissão de Sergio Moro, a declaração mais impactante do presidente foi a seguinte:
— Desliguei o aquecedor da piscina olímpica do Palácio da Alvorada.
Pega na mentira
No entanto, não levou 20 minutos para que pipocassem nas redes sociais torpedos dando conta que isso não é verdade. A piscina do Alvorada ganhou aquecedor solar para não gastar energia elétrica em 2002, ainda no governo FHC.
Pega na mentira 2
Em sua entrevista, Sérgio Moro jurou de pés juntos que não assinou a exoneração de Maurício Valeixo da PF. Então quem foi que assinou por ele?
Quem mentiu, então?
Apesar dessas “poucas verdades”, que não ficaram muito bem explicadas, o capitão Jair disse , ao final de seu pronunciamento, não aceitar ser chamado de mentiroso.
— Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso. Não existe acusação mais grave para um homem como eu do que isso.
Delação premiada
Já o depoimento do ex-ministro Sérgio Moro repercutiu em Manaus. Para o deputado Serafim Corrêa (PSB), Moro não fez um pronunciamento, mas “uma delação premiada”.
— Ora, a Polícia Federal é um órgão de estado, não um órgão de governo. Essa interferência é injustificada. Agora, quando a revelação desse fato vem do Sergio Moro isso não é um pronunciamento, é uma delação premiada.
Saia justa
O líder do PSB acredita que essa declaração coloca o presidente (Bolsonaro) numa situação muito desconfortável perante a opinião pública e principalmente, perante o seu próprio eleitorado que deve em parte estar decepcionado com essa postura.
PF não tem dono
No pronunciamento, entre outras coisas, Moro disse que o presidente Bolsonaro quer interferir politicamente na Polícia Federal e ter acesso a investigações e relatórios da inteligência.
Saudades do PT
Segundo o ex-ministro, Bolsonaro queria alguém para quem pudesse telefonar para saber as informações privilegiadas.
— A coisa é tão escandalosa que o Sergio Moro sentiu saudades do governo anterior (PT) que não interferia nos trabalhos da Polícia Federal. Vejam a que ponto chegamos.
“É muito grave o que o ministro Sérgio Moro disse em relação ao presidente da República”, adverte Sarafa.
Papa defunto
Até funerário está tentando faturar alto em cima do números de mortos na pandemia do novo coronavírus. De acordo com a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa e do Procon-AM está chovendo denúncias sobre o alto valor cobrado pelos serviços funerários.
Papa defunto 2
Na quinta-feira (23) foi feita uma fiscalização nos preços cobrados pelas agências funerárias de Manaus. Cinco delas foram notificadas a apresentar, no prazo de 48 horas, um levantamento dos comprovantes de venda dos meses de janeiro, fevereiro e abril deste ano.
Catitas gulosas
— É inadmissível, em um momento como esse, que empresários tirem proveito e lucrem com a desgraça e a dor alheia –, reclamou o deputado João Luiz (Republicanos), presidente da CDC.
“Tamo” juntos
Políticos que estavam amarradinhos com o presidente Jair Bolsonao já começaram a pular fora, depois das trapalhadas que estão sacudindo a República. Não é o caso do senador Eduard Braga (MDB-AM) que já prometeu dar seu apoio (e do partido) a alguns projetos mais urgentes do governo.
Socorro financeiro
É o caso do projeto de lei de auxílio financeiro aos estados. Em reunião com o presidente nacional e líder da sigla na Câmara, Baleia Rossi (SP), e com o líder do Senado, Eduardo Braga (AM), Bolsonaro pediu para que o Congresso inclua contrapartidas para os estados receberem o socorro financeiro.
Deixa comigo
— Nós todos estamos tentando ajudar na construção de um texto que seja de entendimento entre o governo, Senado, Câmara, estados e municípios, para gente poder equacionar –, garantiu o senador do Amazonas.
Última Hora
Considerado um provável sucessor de Maurício Valeixo no comando da Polícia Federal, o delegado Alexandre Ramagem Rodrigues, de 47 anos, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), chefiou em 2018 a equipe responsável pela segurança do então candidato eleito Jair Bolsonaro e goza da confiança dos filhos do presidente. Foi indicado a chefe da Abin com a autoridade de quem gozava da "total confiança" da família Bolsonaro. Ele chegou ao posto depois de um lobby do deputado Eduardo, escrivão de carreira da PF, do vereador Carlos e do senador Flávio Bolsonaro.
ORGULHO
Uma das lives que mais bombou nessa semana foi a de Sandy & Júnior.Além da audiência, a apresentação arrecadou um surpreendente montante de recursos para a Mesa Brasil, uma rede de bancos de alimentos ao redor do país. Foram quase 2 milhões de reais doados pelo público e 1 mil toneladas de alimentos garantidas após as duas horas de show da duplinha mais querida do Brasil. Com apoio da Fundação Casas Bahia, a live funcionava de seguinte maneira: a cada 1 real doado pelo público, a Casas Bahia doava mais um real. Como a meta superou as 300 toneladas de alimento, a organização triplicou a quantidade de alimentos arrecadados, chegando a mil toneladas destinados à população vulnerável economicamente.
VERGONHA
Até arroubos de machismo teve no pronunciamento de Bolsonaro. O presidente admitiu que recorreu à PF para provar que não havia nenhum vínculo entre a família dele e a do ex-policial militar Ronnie Lessa, suspeito de ter feito os disparos que mataram a vereadora Marielle Franco, em março de 2018. Com a prisão de Lessa, um dos delegados que investigava o crime informou que Jair Renan (nº 4), filho de Bolsonaro, já havia namorado com uma filha do ex-PM. Tanto o presidente quanto Lessa têm casa no Condomínio Vivendas da Barra (RJ). Intrigado com a informação, Bolsonaro primeiro consultou o filho e o pediu para “abrir o jogo”. Como resposta, Jair Renan disse que havia “saído com metade do condomínio” e que não se lembrava “dessa menina, se é que esteve com ela”.