
Quando éramos estudantes do curso de comunicação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em apesar da pouca idade, já dávamos nossos primeiros passos na redação do jornal A Crítica, sempre apelávamos para o Nonatinho, quando entravam em cartaz grandes espetáculos na programação do Teatro Amazonas.
Com olho grande ao lado da porta de entrada, enquanto ele conferia o ingresso dos que estavam na fila para entrar, cutucávamos quase sussurrando:
— E aí, Nonatinho, vai dar pra entrar?
— Aguenta aí. Disfarça e não dá mancada. Deixa diminuir a fila -, orientava o baixinho negro, com um sorriso irônico nos lábios.
Minutos depois:
— Como é que é, Nonatinho, vai dar ou não pra entrar ou não vai?
— Cadê a carteira da imprensa?
— Taqui, ó!
— Tudo bem, imprensa pode. Entrem e parem de encher meu são!
E lá íamos nós, felizes da vida, assistir a grandes espetáculos que a nossa situação econômica da época nunca permitiria.
Simpatia e carteirada
Foi assim, na base da camaradagem e do “carteirada” que alguns profissionais de jornalismo, entre eles eu, Paulo Franca, Plínio Valério (hoje senador), Mário Monteiro, numa época em que o jornal impresso tinha poder, assistiram a espetáculos inesquecíveis.
Época de Ouro
Na época, o placo do Teatro Amazonas vivia momentos históricos, com espetáculos grandiosos, como o show do The Platters, o projeto Pixinguinha que trouxe a Manaus aristas como Erivelto Martins, Walter Queiroz, Fafá de Belém, a Cor do Som, Zizi Posse, Geraldo Azevedo, Belchior e tantos outros.
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E peças protagonizadas por monstros do teatro como Paulo Autran, Tônia Carrero, Vera Fischer, Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Tarcísio Meira e Glória Menezes.
Guardião do teatro
Foi por essa simpatia e dedicação à casa de ópera de Manaus, que Raimundo Nonato Pereira, que batizamos de o “guardião do teatro”, virou uma verdadeira lenda na história do teatro no Amazonas.
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Nesta terça-feira (05/06) os refletores se apagaram, o pano de boca desceu e Nonatinho, aos 89 anos, deixou o palco para entrar na história do Teatro Amazonas.
O Fantasma da Ópera
O mais antigo funcionário do teatro deixou história deixou histórias incríveis.
Nos anos 1990, por exemplo, no jornal Em Tempo, pautamos uma reportagem especial que teve como título “O Fantasma da Ópera”. Nela, Nonatinho contou histórias arrepiantes.
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Segundo ele, em altos madrugadas do teatro, quando as sombras já envolviam o pano de fundo e a plateia, a cortina abria sozinha, as cadeiras cobertas de veludo eram baixadas, ouvia-se aplausos e pisadas no palco (brrrr).
Ópera bufa
Ou como aquela em que um casal de turistas foi flagrado, na madrugada, realizando um grande sonho: transar no palco do teatro Amazonas.
Histórias fantasmagóricas
Ninguém nunca soube se aquelas histórias fantasmagóricas eram verdades ou não.
Ou se Nonatinho, bem humorado que era, só queria tirar sarro com a cara do repórter.
Último ato
O “Guardião do Teatro” partiu deixando uma imensa saudade.
Quanto a nós, aqui da plateia, só nos resta bater palmas, gritar “Bravo!” e agradecer a tudo que Nonatinho fez pela cultura do Amazonas. Foi grande, por mais simples que tenha sido o seu cargo.
Irmão Diná da política
O cientista político Alberto Carlos Almeida está cometendo um erro ao tentar ser a “mãe Diná” e vaticinar o destino político do país.
Ele acaba de dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não terá nenhuma chance em 2026, porque está um velhinho “gagá”.
Não conhece o sapo barbudo
Quem diz isso não conhece o “sapo barbudo”, como diria Brizola,
Na ditadura, no movimento do ABC que mudou o país, Lula foi preso e disseram que ele estava acabado.
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O sindicalista criou um partido, o PT, se elegeu deputado e foi para o segundo turno em todas as eleições que disputou para presidente.
O ofício de resistir

Perdeu três delas e novamente disseram que ele “estava acabado”.
Lula insistiu, disputou a quarta e se elegeu. Disputou a quina e se reelegeu, saindo do governo com mais de 87% de aprovação.
Não foi dessa vez
Em 2018, quando liderava todos cenários de pesquisas para presidente, armaram uma trama golpista com a ajuda nefasta de Michel Temer (aquele que traiu a presidente Dilma) e do juiz suspeito Sérgio Moro, o prenderam.
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Lula passou dois anos na cadeia. E novamente se ouviu a frase “está acabado, não se elege mais a nada”.
Lula enfrentou um câncer na cadeia, leu, fez esteira, se manteve vivo, foi liberado, voltou a disputar a eleição com o imbrochável Bolsonaro e novamente ganhou.
Não duvide do Lula
Então, cientista Alberto Almeida, o senhor não acha muito precipitado dizer que o presidente “está acabado” antes do tempo? E se a economia continuar reagindo como o presidente acredita e ele voltar a disparar nas pesquisas? Não divide do Lula.
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Mas, se o senhor faz isso com tanta segurança é porque “não conhece o sapo barbudo”, que quase sempre dá a volta por cima,
O queridinho de Damares
Depois que atropelou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante a participação na Comissão de Infraestrutura do Senado, na última semana, o senador Omar Aziz PSD-AM) caiu nas graças dos bolsonaristas.
Até mesmo a senadora Damares Alves teceu elogios ao colega, cotado para o comando da CPMI do INSS.
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— O senador Omar é um preparado, inteligente e perspicaz, além de corajoso. Esta CPMI vai mexer com muitos interesse –, babou Damares.
Marina detona Plínio

E por falar em Marina, a ministra relembrou nesta segunda-feira (2), a discussão com o senador Plínio Valério (PSDB-AM), durante a participação na Comissão de Infraestrutura do Senado na última semana.
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— Dei a oportunidade do senador se desculpar. E eu pedi pra ele, se o senhor me pedir desculpa eu permaneço. Se não pedir desculpa, eu me retiro. Como ele disse que não pediria, eu me retirei –, explicou a ministra.
Misoginia e machismo
Marina disse que, se permanecesse no debate, estaria sendo cúmplice com o ultraje que ele estava fazendo.
– Estaria sendo cúmplice com uma visão misoginia, com o machismo, racismo, que deve ser repudiado por todas nós –, afirmou a ministra durante um evento na Universidade de Brasília (UnB).
ÚLTIMA HORA
CARLA ZAMBELLI FUGIU! – PGR pede a prisão preventiva da deputada federal, mas ela já está nos estados Unidos

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O pedido ocorreu pouco depois de ela anunciar que deixou o Brasil e está nos Estados Unidos. Recentemente, a parlamentar foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão e à perda de mandato por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Ela disse ainda que pretende utilizar o mesmo expediente adotado por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado que, em março, se licenciou do seu mandato para morar nos Estados Unidos. O pedido assinado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, também pediu a inclusão do nome da parlamentar na lista vermelha da Interpol, segundo informações da TV Globo. O pedido também solicita o bloqueio de bens da parlamentar.
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— Não se trata de antecipação do cumprimento da pena aplicada à ré, mas de imposição de prisão cautelar, de natureza distinta da prisão definitiva, com o fim de assegurar a devida aplicação da lei penal”, diz o texto.
Depois da saída do país, Daniel Bialski, advogado da deputada, renunciou à defesa de Zambelli. Ele disse em entrevista à apresentadora Andreia Sadi, da GloboNews, que a decisão é de foro íntimo.
ORGULHO

Em 2023, Raimundo Nonato Pereira, o Nonatinho, o mais antigo funcionário do Teatro Amazonas, que morreu nesta nesta terça-feira (3), foi personagem de quadrinhos, interagindo com a turma do Curumim para contar a história da casa de óperas. Além disso, virou desenho animado no filmeto para orientar os espectadores quanto às regras de segurança do teatro. A animação é projetada antes do início de todos os espetáculos apresentado no Teatro Amazonas.
VERGONHA

Sem mencionar diretamente o nome de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente a atuação do deputado licenciado, acusando-o de tentar “lamber as botas do Trump” e de incitar a interferência dos Estados Unidos na política interna do Brasil.
— Lamentável é que um deputado brasileiro, filho do ex-presidente, esteja nos Estados Unidos para convocar uma potência estrangeira a se meter nos assuntos internos do Brasil. Isso é grave. Isso é uma prática terrorista. Ele renuncia ao mandato, pede licença e vai para lá tentar agradar Trump e seus assessores, pedindo intervenção na política brasileira. Não dá para aceitar isso. É só ler a entrevista na Veja que vocês vão saber de quem estou falando. Isso sim é desrespeito ao Brasil. Isso sim é provocação –, afirmou Lula.
OUTRAS PALAVRAS

“SOU COMO EDITH PIAF: "JE NE REGRETTE RIEN" (NÃO LAMENTO NADA). FIZ O QUE QUIS E FIZ COM PAIXÃO. SE A PAIXÃO ESTAVA ERRADA, PACIÊNCIA. NÃO TENHO FRUSTRAÇÕES, PORQUE VIVI COMO EM UM ESPETÁCULO. NÃO FIQUEI VENDO A VIDA PASSAR, SEMPRE ACOMPANHEI O DESFILE”, Mário Lago