Durante mais de um ano, o sr. Jair Messias Bolsonaro tripudiou sobre a pandemia, declarações estapafúrdias, absurdas, deboches e ironias sobre o destino de um povo que o elegeu para governa-lo.
Desde janeiro, Bolsonaro defendeu distribuição de remédio sem comprovação científica, afirmou que não compraria vacinas de fabricantes chinesas ou negociadas com o governador paulista João Doria, classificou a covid-19 de "gripezinha" e resumiu sua visão sobre o avanço da pandemia em uma frase: "E daí?" Em novembro, em um espaço de dois dias, Bolsonaro comemorou a suspensão dos estudos envolvendo uma vacina a ser fabricada pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e afirmou que o Brasil deveria "deixar de ser um país de maricas". Mas nosso parlamentares não viram, não ouviram e nem falaram sobre isso.
No momento em que o país ultrapassou a marca de 400 mil mortes pela covid-19, é necessário questionar: de quem é a culpa por essa tragédia? É claro, do presidente “negacionista”. No entanto, não podemos fechar os olhos para a classe política do nosso estado, que nesse período fechou os olhos, fechou a boca e os ouvidos para os absurdos e a forma como o presidente conduziu a pandemia, quando deveria cobrar um plano de ação, mais comprometimento e mais respeito à vida das pessoas. Mas não o fez.
Aplaude e pede bis
Alguns até aplaudiram o deboche de Bolsonaro, como é o caso da bancada federal do Amazonas, onde – à exceção do petista José Ricardo –, a maioria apoia o presidente. E não é diferente na bancada do Senado. E não é diferente na Assembleia Legislativa.
Subserviência
Aliás, por quase unanimidade, nossos deputados estaduais até concederam o título de “Cidadão do Amazonas” a Bolsonaro, esquecendo aqueles que morreram, em janeiro de 2021, por falta de oxigênio, negado pelo governo federal e trocado por kit de cloroquina pelo presidente “amazonense”.
Erra é “humano”
Embora se diga um “crítico” à gestão de Bolsonaro na pandemia, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), chegou a defender o adiamento da CPI e já adotou posições favoráveis ao governo em outros momentos.
— Não tem governo, seja de direita, centro ou esquerda, que não tenha cometido equívocos nessa pandemia. Em todos os Estados, está tendo morte.
Pequeno equívoco
Está certo, senador Omar, que “errar e humano”.
Mas, quando esse “erro” significa mais 400 mil mortes é algo difícil de aceitar de forma complacente, coimo um “simples equívoco”.
Alfinetada
Para reforçar o que disse, Aziz cutucou o governador de são Paulo João Doria (PSDB).
— O governador João Dória é 100% contrário ao pensamento do Bolsonaro. São Paulo, por acaso, está vivendo um mar de rosas?
Agora, senador?
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) , por exemplo, hoje admite que para nós chegarmos a 400 mil mortos, como nós chegamos, “é claro que faltou muita coisa, né?”
— Nós deixamos de comprar vacina quando tinha a vacina para comprar. E aí, quando fomos comprar, faltava a vacina. Com isso nós acabamos atrasando o nosso plano de vacinação –, lamenta o líder do MDB.
Nome aos bois
Sem citar Bolsonaro, que conduziu a pandemia na base da galhofa, Braga só agora adverte que a “narrativa para a população aí é fundamental”.
— Veja, tem gente que está convencida de que não deve tomar a vacina. Isso é lógico? Isso é racional?
Perguntar não ofende
É verdade, senador, mas quem foi mesmo que aconselhou o povo não tomar vacina, pois podia virar até jacaré?
Pero no mucho!
Aliás, o senador Eduardo Braga se arvora a dizer que pertence à “ala independente” do Senado Federal. Mas volta e meia faz um agrado ao presidente Jair Bolsonaro, como qualquer outro membro do Centrão..
Blindagem
Ao ser perguntado se não foi o próprio presidente que “lançou suspeitas sobre a segurança da vacina”, vejam a resposta do senador:
— Não só ele. Ele e outras pessoas. Eu defendo é que nós sejamos um contraponto a isso. Se nós não mudarmos o nosso comportamento, de que adianta termos a CPI se daqui a 60, 90, 180 [dias] os números de mortos continuarem os mesmos?
Resistência solitária
Voz isolada na Câmara dos Deputados, José Ricardo (PT-AM) vem denunciando desde o inicio da pandemia o descaso do governo federal com a pandemia e a falta de um plano nacional de combate à Covid.
Sete bolsonaristas
O problema, de acordo como petista, é que os outros sete deputados do Amazonas apoiam o Bolsonaro e votam nos seus projetos.
— Eu assinei vários pedidos de CPI. O problema é que os outros sete deputados do Amazonas apoiam Bolsonaro, votam nos projetos do Bolsonaro. Não sei qual deles teve a coragem de assinar um pedido de CPI – cutucou.
São culpados, sim!
Zé Ricardo acusa que deputados ligados ao governo, acabam “presos” por dependência de cargos, distribuição de verbas e favores,
— Por isso eu concordo que a maioria dos deputados e senadores do Congreso Nacional também têm culpa nessas mais de 400 mil morte pela Covid-19 no pais –, dispara .
Joio do trigo
O deputado Dermilson Chagas (Podemos), usando como argumento que é preciso separar o joio do trigo, é um dos que disparam todos os deus mísseis contra a administração do governador Wilson Lima. Mas continua achando que Bolsonaro não errou.
— Independente de bandeira política os parlamentares são os fiscais, o Executivo tem o cofre e executa política pública. Acredito que não falto dinheiro, o que faltou foi experiência e amor ao povo – minimiza o parlamentar.
Aqui eu grito
Dermilson disse que se alguns ficaram calados e “eu não posso responder por ele”.
— Mas eu gritei e continuo gritando contra as omissões, a falta de experiência e competência técnica.
Sarafa, o único
O líder do PSB, deputado estadual Serafim Corrêa também parece der voz isolada na assembleia Legislativa. Foi o único que votou contra o título de Cidadão do Amazonas a Bolsonaro. E claro, não concorda com a forma como presidente conduziu a política de combate (se é que houve combate) à pandemia.
— Ao longo desse período sempre me manifestei contra o negacionismo e a forma como o Governo Federal tratou a pandemia. A responsabilidade é de Bolsonaro é de quem compartilhou de suas ideias anti-ciência
Tucano bolsonarista
E o Plínio Valério (PSDB-AM) hein?
Por ser tucano, o senador poderia ter um discurso mais independente. No entanto, vive tecendo loas ao presidente e atacando a esquerda.
Então, tá!
Com um discurso pró-Bolsonaro, para tentar impedir a CPI da Pandemia, veja o que o Plínio andou dizendo:
— Não vejo legitimidade no STF para mandar no Senado. Há ministros que pensam que são semideuses. Não se pode ficar à mercê de um ministro insensato e que não pensa nas consequências. O STF proíbe cultos e libera CPI –, disse o tucano de Eirunepé.
Queimada é “natural”
A ânsia dos parlamentares amazonenses bolsonaristas em defender o presidente é tamanha, que até mesmo em relação às queimadas – uma coisa visível, documentada que estarrece o mundo –, são consideradas “naturais".
Aqui tá bom
Para o deputado Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM), por exemplo, torrar árvore é algo perfeitamente “natural”.
—As queimadas são um fenômeno natural. Lógico que pode ser agravado pelo desmatamento. Mas se pegarmos a latitude do planeta, veremos que está havendo muito mais queimadas na África do que na Floresta Amazônica –, defendeu.
Avacalhação da República
Sobre essa relação do toma lá da cá de parlamentares com o presidente da República, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM) – que adota o estilo morde e assopra em relação a Bolsonaro –, disse que é a “avacalhação geral da República”.
— Um senador grava o Presidente da República. Um senador age como um vassalo pedindo pra ser poupado pelo Presidente. Um presidente pede pra um senador poupá-lo numa investigação, investigar governadores e abrir impeachment de ministro do STF. É a avacalhação geral da República —, detonou.
Desejo de matar
Marcelo também acha que o governo federal conduziu muito mal a pandemia, o enfrentamento da pandemia, mas parece não ver nada de errado ou de “criminoso” nisso aí. Nem mesmo com 400 mil mortes.
— Eu acho que o governo conduziu mal a pandemia. Mas não conduziu por desejo de matar. Ele foi incompetente na gestão da pandemia –, disse.
ÚLTIMA HORA
Comitiva de Bolsonaro é recebida com ovos
Integrantes da comitiva, os deputados governistas Hélio Negão (PSL-RJ) e Carla Zambelli (PSL-SP) foram recebidos com uma “ovada”
A comitiva do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi hostilizada hoje ao chegar no prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, para o leilão de concessão da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro). Manifestantes atiraram ovos na direção dos parlamentares Carla Zambelli (PSL-SP) e Helio Lopes (PSL-RJ). Eles não foram atingidos diretamente, mas os ovos que estouraram na parede respingaram em quem estava próximo.
Um ovo chegou atingir uma pessoa. Por pouco os deputados Hélio Lopes (PSL-RJ) e Carla Zambelli (PSL-SP) não foram acertados. As imagens foram captadas pela TV Globo.Após a "chuva de ovos", a comitiva ingressou no prédio da B3 às pressas, para desviar dos ataques
ORGULHO
A ONG do ator de Hollywood Sean Penn vai ajudar no combate à pandemia no Rio de Janeiro. É a primeira vez que a ONG Core – Community Organized Relief Effort, investe com ações contra a Covid-19 fora dos Estados Unidos. O investimento será de 10 milhões de reais e vai ajudar na testagem da população e na compra de kits de intubação. A Core já assinou com a prefeitura do Rio um memorando de entendimento com as bases da cooperação. Uma comitiva da ONG já desembarcou no país para iniciar a implantação de unidades, que fazem parte da primeira etapa da parceria, a um custo de R$ 5 milhões.
VERGONHA
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que atuou para liberar a madeira ilegal apreendida na Operação Handroanthus a pedido de quatro senadores e três deputados federais. Na ação, a Polícia Federal apreendeu mais de 226 mil metros cúbicos de madeira, carga avaliada em R$ 129 milhões. Nós fomos procurados primeiro pelo senador Jorginho Mello (PL-SC) e pela deputada Caroline de Toni (PSL-SC), porque são representantes do estado de Santa Catarina e parte desses empresários que se acham prejudicados são do estado de Santa Catarina, mas estão há décadas no Pará", disse o ministro em entrevista à CBN.