A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) investiga Rômulo Alves da Costa, de 42 anos, que foi detido neste sábado (7/6) após ser flagrado circulando com o corpo do próprio pai, José Pequenino da Costa, 77 anos, já sem vida, em uma cadeira de rodas, pelas ruas do Centro de Manaus. Rômulo é neto biológico registrado como filho pelo avô.
A cena chamou a atenção de pedestres e comerciantes, que perceberam que o idoso não se movia e aparentava estar morto. Policiais da 24ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) foram acionados e, em seguida, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) confirmou o óbito. Ocorrência mobilizou equipes das Polícias Civil (PC-AM) e Militar do Amazonas (PMAM), além do Instituto Médico Legal (IML).
“O perito verificou rigidez cadavérica, mas não pôde precisar o tempo exato da morte naquele momento. Somente com os laudos definitivos do IML e da perícia criminal poderemos esclarecer quando, de fato, ocorreu o óbito e se houve algum tipo de crime, como vilipêndio de cadáver ou tentativa de estelionato”, explicou o delegado Alessandro Albino, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM).
O delegado Adanor Porto, adjunto da DEHS, também esteve no local da ocorrência e afirmou que o procedimento investigativo foi instaurado imediatamente.
“Assim que fomos acionados, deslocamos uma equipe ao local e acompanhamos o trabalho da perícia. As primeiras informações prestadas pelo filho indicam que ele teria saído com o pai por volta das 12h30, da residência onde ambos moravam, com o objetivo de ir ao Centro tentar um empréstimo bancário. Ele alegou estar desempregado e disse que usaria o valor para comprar alimentos e itens de higiene, pois ambos enfrentavam dificuldades financeiras”, relatou.
Segundo o delegado, o corpo da vítima apresentava feridas, mas, conforme avaliação preliminar da perícia e relatos de familiares, essas lesões podem estar relacionadas a comorbidades preexistentes. O idoso era hipertenso, diabético, fazia uso de bolsa de colostomia e apresentava quadro clínico severamente debilitado.
“O procedimento ainda está em andamento. O homem segue sendo ouvido e, ao término, será decidido se permanecerá detido. Caso fique comprovado que ele retirou o pai de casa já em óbito com a intenção de obter um empréstimo, poderá responder por vilipêndio de cadáver e, eventualmente, por tentativa de estelionato, caso tenha efetivamente tentado realizar a transação financeira”, acrescentou Adanor Porto.
Até o momento, não há indícios de maus-tratos. A Polícia Civil aguarda os laudos periciais para adotar as medidas legais.
De acordo com o capitão A. Carvalho, do Comando de Policiamento Ostensivo (CPO) Sul da PMAM, a guarnição da Polícia Militar foi acionada por populares que desconfiaram da situação ao perceberem que o idoso permanecia imóvel na cadeira de rodas.
“Uma guarnição da PM atendeu à ocorrência e verificou que o idoso estava sem sinais vitais. O filho o acompanhava o tempo todo, aparentemente sem perceber que o pai já havia falecido. O Samu foi acionado, confirmou o óbito no local, e o IML realizou a remoção do corpo”, concluiu o capitão.