Existem políticos honestos, sim. O deputado Luiz Castro (Rede), que pleiteia uma vaga ao Senado da República é um deles. Aos 59 anos, no seu 5º mandato, teve como passaporte para entrar no Parlamento uma revolução que fez no município de Envira, onde foi prefeito por duas vezes em mandatos intercalados. Investiu fundo na produção rural, regionalizou a merenda escolar e entrava com os agricultores nas estradas vicinais para preparar a terra, como ele diz, no “muque” , já que não tinha máquinas. Foi o primeiro prefeito a colocar em prática um novo modelo de educação com escola de tempo integral, através do projeto Florescer. A semeadura desse novo modelo de administrar chamou tanto a atenção que um belo dia o jovem prefeito (tinha só 23 anos) recebeu a visita da primeira dama do Brasil, dona Ruth Cardoso – mulher de FHC –, que enalteceu Envira como modelo de gestão para jovens e adolescentes.
Nesta entrevista ao Blog do Mário Adolfo, concedida horas antes de sofrer um infarto, em virtude da desgastante campanha que enfrenta, Castro diz porque está lutando por uma cadeira no Senado Federal pela coligação “Transformação por um Novo Amazonas”, ao lado do jornalista Wilson Lima. “Digo que está na hora de sepultar de vez o ciclo dos coronéis na política do Amazonas”, adverte.
Confira a entrevista:
Blog do Mário Adolfo – Deputado, parece que a BR-319 virou a menina dos olhos dos candidatos ao governo do Amazonas. Mas teve um deles que foi ministro dos Transportes, teve tudo para asfaltar a estrada e nada fez. Como o senhor avalia esse oportunismo político?
Luiz Castro – E mais um mote eleitoreiro, é mais um faz de conta. A BR-319 depende do licenciamento ambiental. E esse licenciamento ambiental está prestes a ser concluído sob a coordenação do Ministério Público Federal. O que falta? Falta definir os impactos ambientais nas áreas indígenas, é um estudo que está sendo concluído e falta um sistema de monitoramento, que eu defendo que seja feito a partir de um pacto administrativo por uma lei aprovada no Congresso Nacional, que destine todo ano recursos ao Exército Brasileiro para que ele faça ao mesmo tempo monitoramento ambiental e fundiário do trecho do meio, mas, principalmente, monitoramento ambiental. Eu acho que é fundamental também que se faça esse trabalho utilizando os BECs, para a gente ter a presença do Exército constantemente na BR, porque aí a gente acaba com essa situação de perigo, de risco, que no passado realmente havia, quando estrada era totalmente recuperada e havia uma grande depredação, uma grande grilagem.
BMA – Como superar esse impasse?
LC – Eu acho que esse impasse está prestes a ser superado. E eu tenho um perfil para ajudar a superar esse impasse porque eu dialogo muito bem com o setor produtivo e o setor ambiental. Eu sou uma espécie de “ponte”, mas eu não vou apregoar aqui que vou resolver sozinho. Eu acho que esse é um processo que depende muito de união de todos, da participação do governador. Eu tenho conversado muito com o nosso candidato ao governo, Wilson Lima, com seu vice, Carlos Almeida, e acho que nós vamos fazer desses ovos um omelete. Agora, quem prometeu e não fez, eu não vou nem comentar.
BMA – Mas, hoje, todo mundo deposita esse ônus nas costas da ex-ministra Marina Silva (Rede) que negou o, licenciamento ambiental. A Marina, de fato, teve sua parcela de culpa?
LC – Não. A Marina era a ministra na época em teve que se promover o licenciamento. E as condições para o licenciamento não foram concluídas. Ela não podia, irresponsavelmente, de cima para baixo, com uma canetada, autorizar uma obra que o Ibama dizia que precisava ser licenciada. Ela já a saiu há mais de 12 anos do Ministério e até hoje querem culpar a Marina. Por que não resolveram as condições ambientais? Por que essa lentidão? Por que não houve, de fato, capacidade e eficiência para não só estabelecer as unidades de conservação, mas seu plano de gestão e seu sistema de visitação, trabalho extrativista, agroecológico, visitação turística? Enfim, não houve ação efetiva para complementar o trabalho de licenciamento. Então, a culpa não é da Marina. A culpa é de quem não teve a competência para fazer na sequência.
BMA – Deputado, quando o senhor lançou sua plataforma de campanha disse que vai abrir mão dos privilégios de senador. Que privilégios são esses?
LC – Eu cito vários privilégios, mas vou destacar apenas dois: com dois anos de exercício de mandato o senador já pode requerer a sua aposentadoria pelo Senado. Então, ele comprova o tempo de serviço anterior, naturalmente, e já pode requerer. Significa, por exemplo, eu sou professor licenciado da Seduc e a minha aposentadoria futura vai ser de R$ 3.500 ou R$ 4 mil, que é o atual salário para duas cargas horárias na Seduc. Mas, se eu for para o Senado, com oito eu poderia sair com o quíntuplo disso às custas da Nação brasileira. Isso representa um ônus muito grande para o povo brasileiro. Não dá para manter isso no momento em que discute a reforma da previdência, em que se quer ampliar a idade para a aposentadoria. Um senador pode se aposentar com 60 anos de idade, hoje se quer aumentar a idade mínima das mulheres. Há uma coisa ainda amais escandalosa que a ajuda de saúde vitalícia para senadores e senadoras e seu dependentes até 34 anjos. Se um deles resolver fazer um tratamento de saúde no Albert Einstein ou no Sírio Libanês, não tem problema. Ele joga a conta para o Senado que o senado paga. Sem ter que contribuir com nada. Eu acho que já chegou o tempo desse tipo de coisa ser extinta.
BMA (interrompendo) – Algum outro político já deu esse exemplo?
LC – O Senador Reguff (DF), atualmente sem partido, que se recusa a receber verbas indenizatórias, salários extras, auxílio-moradia, carro oficial, gasolina, viagens internacionais, correios, aposentadoria especial, plano de saúde e mantém apenas nove assessores no seu gabinete), lá em Brasília, fez isso. Deu o bom exemplo. Eu também estou propondo a redução de 25% das verbas indenizatórias das verbas de gabinete. Por que eu não propus 100%? Porque eu preciso dos recursos para vir a Manaus, ir para o interior manter uma equipe técnica. O que estou propondo pode significar uma economia só num mandato de um senador, de R$ 10 milhões, Mais eu não me contento só com isso. Vou apresentar projetos de resoluções legislativa para extinguir cada um desses privilégios, incluindo o auxilio moradia, e o 14º salário que agora só tem no início e no final do mandato. A partir daí você dá um demonstrativo para a população que você está na política por serviço, e não para se servir da política em benefício próprio. É claro que muita gente me critica, dizendo: “poxa, o Luiz Castro está fazendo isso, mas ele já fez alguma coisa parecida?”. Já. Eu recusei ao longo do meu mandato 20% da minha verba indenizatória, já propiciei uma economia de mais de 600 mil para a Assembleia Legislativa, recusei os carros de luxo para ficar levando para casa. Eu ando no meu próprio carro, nunca utilizei o carro de luxo da Assembleia para fazer minhas movimentações e levar para casa nos finais de semana. Tenho uma gestão austera em meu mandato, respeitando sempre o fato de que eu sou um representante do povo e não dono do mandato que o povo me deu.
BMA – O senhor foi prefeito de uma cidade de interior, Envira, e no debate para as eleições suplementares, em que o senhor era candidato ao governo, um de seus adversários (Amazonino Mendes) elogiou a sua gestão. Qual foi o diferencial de sua prefeitura, a ponto de encantar um adversário político?
LC – Primeiro, nas duas vezes em que governei Envira, em mandatos intercalados, com uma visão sempre predominante no interesse coletivo. Sempre a preponderância do coletivo sobre o individual. Então nós tivemos um grande trabalho de organização da comunidade, conversando, dialogando, fizemos o conselho comunitário, trabalhamos em conjunto com a sociedade, com os pescadores, com os agricultores, com as lideranças de bairros, da área rural. Fizemos um bom trabalho na párea da agricultura, em que a gente não enganava o agricultor , mas garantia o preço mínimo, o escoamento da produção. Nós tivemos um trabalho muito grande de uma equipe que liderei. Eu não fiz nada sozinho. Nós soubemos fazer um equipe, uma equipe trabalhadora, honesta, não se admitia corrupção, não se admitia nenhum desvio. E eu dava o bom exemplo. Morava numa casa de madeira simples. Eu tinha um motor de luz na minha casa, mas quando faltava energia em nossa colônia, eu ficava no escuro com a minha família, na poronga, na lamparina e na vela. Porque o prefeito tinha que ajudar a resolver o problema de luz e não ele usufruir de seu motor de luz enquanto o restante dos comunitários ficava no escuro. Era um exercício de mandato muito aberto, muito transparente que fez a diferença em Envira.
BMA – Houve também uma inovação, também, na merenda escolar, certo?
LC – Sim, nós regionalizamos a merenda escolar. Fui também o primeiro prefeito a implantar uma creche na região do Juruá; Juntamente com o prefeito de Maués, Sidney Leite, fomos os dois primeiros prefeitos a adotar a regionalização da merenda; fui o primeiro prefeito a lançar um projeto de Educação com escola em tempo integral, através do projeto Florescer, que foi visitado na época pela dona Ruth Cardoso (mulher de FHC, primeira dama do Brasil), como exemplo de trabalho com crianças e adolescentes. Foram muitas coisas pioneiras, não é? Inclusive eu ia trabalhar pessoalmente em projetos agrícolas em pequenas estradas vicinais, Não tínhamos máquinas, fazíamos no muque; Iniciamos as primeiras atividades de piscicultura; introduzimos o café com nilon; tivemos uma produção magnífica de ovos, de milho. Foi um momento espetacular economia daquele pequeno município. Tanto é que, em Envira, em toda eleição eu não preciso fazer grades gastos, eu sou o mais votado lá. Isso pelo reconhecimento da população. Mas, eu quero dizer que foi um trabalho feito em conjunto com o povo. Esse negócio “eu fiz” é uma coisa atrasada. Nós fizemos, eu fui líder desse processo.
BMA – E hoje, qual é a situação do município de Envira?
LC – Infelizmente Envira decaiu muito no setor primário. A atual gestão não definiu prioridade. O atual gestor é um rapaz inteligente, mas não tem essa vocação. E aí concentrou todo o trabalho da prefeitura na sede do município. Isso é uma coisa muito complicada, porque você tem que ter uma base econômica além do que a prefeitura oferece. O município também foi prejudicado pela perda de área para o Acre, tem muita gente desempregada, as drogas chegaram, os jovens desencantados… Envira precisa ser resgatada. Esse é um trabalho que exige um esforço do governo do estado, mas também da base local.
BMA – O senhor foi secretário de Produção Rural no governo Eduardo Braga. Como o senhor avalia essa passagem pelo governo do estado e qual sua relação com o senador hoje?
LC– Olha, eu não tenho animosidade pessoal com ninguém. Acontece que o senador Braga tem uma visão política, da ética, diferente da minha… Portanto, nós trilhamos caminhos distintos. É um homem inteligente, mas eu penso política de forma diferente. Eu realmente coloco o interesse coletivo da comunidade em primeiro lugar. Eu não gosto de priorizar grupos econômicos específicos. Eu acho que, o que nós temos que priorizar é a sociedade, os setores mais vulneráveis. Eu fui secretário àquela época, quando reintroduzidos a SEPROR – que havia sido extinta pelo então governador Amazonino Mendes –, criamos os instrumentos técnicos que até hoje espaço lá. Resgatamos a defesa agropecuária que estava esquecida, a área de planejamento do setor pesqueiro e reforçamos o apoio à área de produção. Isso tudo foi mantido quando eu sai. Inclusive, quando eu me distanciei do governador, a maior parte da equipe técnica que montei continuou lá.
BMA – O senhor foi exonerado ou pediu exoneração?
LC– Eu pedi a minha exoneração.
BMA – Por quanto tempo o senhor permaneceu no cargo?
LC – Dois anos e pouco. Mas, até hoje, ando de cabeça erguida. Os técnicos da Sepror me apoiam e todos dizem que foi o melhor período da secretaria, de apenas dois anos. Foi um período de responsabilidade, muito trabalho, nada de politicagem. Eu tive um sucessor que encheu a secretaria de cabos eleitorais, de partidários de seu partido.
BMA – Qual foi a gota d`água para o senhor romper com o governo?
LC – Olha, foi a percepção clara de que aquele impulso inicial de fazer um projeto inovador não estava mais acontecendo. Repetiu-se aquela mesma lógica do antigo governador, que era simplesmente fazer a doação de implementos agrícolas, a velha prática do paternalismo. E isso não leva a lugar nenhum. Muito menos ao desenvolvimento. Nenhum país do mundo se desenvolveu com o clientelismo ou paternalismo. Se o projeto agrícola de Envira, elogiado por um ex-governador, deu certo é porque nós rompemos com o paternalismo. Você não pode esquecer que a ética do trabalho é estimular o povo a trabalhar.
BMA – Esse clientelismo parece que está de volta, com a distribuição de implementos no interior?
LC – Isso não existia na época em que fui prefeito. Envira tinha o menor índice de inadimplência. Eu, como prefeito, incentivava os agricultores a pagar para que eles pudessem ser financiados. Eles trabalhavam, pagavam, nós ajudávamos com o preço mínimo de produção. Era uma coisa muito forte, verdadeira. Isso se perdeu. Já tivemos caso de ex-secretários dizendo para os agricultores e para as associações: “não, não pague esse dinheiro pro governo federal”. E depois os agricultores ficam inadimplentes e não tinham mais crédito. Eu trabalho com a verdade. Eu detesto enganar, eu detesto mentir. Talvez por isso a minha carreira política, a minha trajetória seja mais difícil do que a dos outros, porque eu não ganho eleição mentindo, enganando. Eu ganho eleição com pessoas honestas, de bem, quem que gostam de ouvir e dialogar com a verdade.
BMA – O senhor acha que o programa “Zona Franca Verde”, do ex-governador Eduardo Braga foi apenas um mote publicitário ou, de fato, cumpriu seu objetivo?
LC – No início havia sim a vontade de fazer um programa diferente com a visão de sustentabilidade. Porém os instrumentos necessários para que esse programa deslanchasse não foram efetivados. Além disso, faltou planejamento . Não se faz um programa dessa magnitude a toque de caixa. Nós precisamos de um maior tempo para as ações de longo prazo. E faltou essa visão. Há um imediatismo e eu não falo só do governador da época. Há um imediatismo muito grande no Brasil. Nós estamos mediados pelo marketing eleitoral, ou marketing eleitoreiro. É preciso organizar melhor a gestão, planejar melhor e definir quais são suas metas de curto, médio e até de longo prazo. O Amazonas precisa fazer isso e não faz. Chegava em Eirunepé, por exemplo, e os planos de manejo que havíamos preparados levavam mais de dois anos para serem licenciados, porque o IPAAM não estava com o quadro necessário para fazer o licenciamento. Qual a atividade econômica que vai à frente se o licenciamento demora dois anos? A gente tem que fazer as coisas certa mas com rapidez. Lá no Alto Solimões a mesma coisa, não se consegue produzir madeira legal, aí os peruanos vêm, tiram a madeira do Brasil, no rio Javari, levam para o peru e ficam ricos, às custas da nossa pobreza. Eu defendo o meio ambiente, mas sustentabilidade não é lentidão. Não é paralisar a atividade econômica. É ter seriedade, eficiência e eficácia, também.
BMA – Como é que o senhor avalia o governo de Amazonino Mendes?
Luiz Castro – Olha, eu acho que o governo Amazonino é um reflexo daquilo que passou, que já foi. É uma espécie de déjà-vu, querer refazer. Houve aí a lógica paternalismo clientelismo que manteve o poder desde a época do governador Gilberto Mestrinho, houve ações positivas, nós não somos levianos para dizer que não houve nada de bom, houve sim algumas obras importantes algumas ações importantes, mas o mundo mudou. Não dá mais para manter esse modelo de governar o Amazonas atrasado. Ele está capturado por grupos de interesses políticos e econômicos que têm que se subordinar ao interesse público e não preponderar sobre o interesse público.
BMA – Essa eleição de 2018 pode representar o começo dessa mudança, isto é, o fim de um ciclo?
LC – Eu acredito que sim. Por isso a eleição de um candidato como eu, Luiz Castro, representa uma mudança de postura. Como também o Wilson Lima que é uma pessoa que não está preso a esses grupos econômicos que fazem obras, que fazem contratos escusos e, principalmente, a políticos que costumam chamar de caciques, mas acho que isso é uma ofensa a nossos irmãos indígenas. Na verdade são coronéis, com uma roupa mais moderna, que se sentem donos do Amazonas. Que brigam entre si, mas que depois se entendem e mantêm o poder entre eles. Tem que romper esse ciclo. Eu defendo que se rompa ciclo em nível estadual e se rompa esse ciclo em nível nacional, porque a aristocracia, remanescente do Império e piorada na República, ela está aí: É a oligarquia. A oligarquia do Sarney, a oligarquia desses que estão aqui se reversando no poder e tantos outros pelo Brasil afora.
BMA – O senhor acredita que o crescimento do candidato de sua coligação nas pesquisas de intenção de votos, é um recado do eleitor?
LC – Sim, a gente fica impressionado. Eleitores de todas as classes econômicas estão simplesmente indignados. Eles não aguentam mais. Alguns dizem que nem ligam mais o programa eleitoral, porque não aguentam mais ouvir tantas mentiras como vêm ouvindo há tantos anos. Há uma revolta, uma indignação que vem sendo canalizada para alguém que representa o novo, a possibilidade de alguém que representa a possiblidade de um momento histórico, diferente. Que vai ter um grande desafio, uma responsabilidade de governar de forma diferente de verdade. E isso, se Deus quiser, vai ser fruto da colaboração de muitas pessoas honestas, bem intencionadas, técnicos, políticos sérios que hoje podem até estar em campos opostos. Mas, nós precisamos reconstruir a política do Amazonas, ela está muito atrasada. Por que eu digo isso com clareza e por que eu me afastei do grupo que está no poder há mais de 12 anos? Porque eu vi com clareza o desastre que ia acontecer. Eu disse para a minha esposa, uma vez quando votei de Humaitá: isso não vai levar o Amazonas há lugar nenhum, não vou compactuar com essa farsa e e afastei definitivamente desse grupo. E aí? O segundo estado mais pobre do Brasil , hoje, depois do Maranhão, segundo dados do IBGE é o Amazonas. Isso é descabido…
BMA (interrompendo) – Um Estado rico.
LC – Um Estado riquíssimo, não só em riqueza naturais, mas também pela arrecadação bilionária praticamente R$ 16 bilhões que tem o nosso governo. Como é que se justifica a governança da desigualdade, da injustiça? E ainda tem muita gente que vota neles, que ainda ficam encantados com aquelas propagandas, com aquele oba, oba. E eu digo a eles: se você quer ser enganado, não tem no Luiz Castro. Se você quer, de fato, um político que trabalhe com seriedade, com lisura, que trabalha de fato oito anos no mandato e não só no período eleitoral, está aí o meu número, para cobrar sua confiança e não te enganar ou mentir.
BMA – Nesta campanha tentaram envolver o nome do Wilson Lima em um “escândalo sexual”. O deputado Serafim Corrêa (PSB), quando prefeito, também foi vítima de uma armação dessa natureza, que foi desmascarada. Ainda existe lugar na política para esse tipo de campanha?
LC – Não deveria. O Serafim é um homem ilibado, até hoje não apareceu nada. Agora estão tentando fazer a mesma coisa com o Wilson. Mas, o interessante é que a população não está caindo no golpe. A população está percebendo claramente que e uma armação eleitoreira, para atacar o Wilson. Isso porque não encontram nada contra ele e começam a criar factoides, fake news, mentiras, acusações sem provas, levianas, para tentar denegrir a imagem dele. É claro que isso é muito constrangedor porque atinge a família dele. Nós todos ficamos muito perplexos que a política ainda esteja nesse nível. Mas serve para mostrar para a população que a velha política não quer largar o osso, aliás, não quer largar o filé mignon.
BMA – Três candidatos, que estão na política há mais de 30 anos, lideram as pesquisas para o Senado Federal. O senhor acredita que pode haverá uma renovação ou a veha política vai, mais uma vez, ser reconduzida pelo eleitor?
Luiz Castro – Eu acredito, por isso sou candidato. Aliás, eu acredito, com todo respeito aos demais candidatos que pela primeira vez concorrem, que eu sou, de fato o mais legítimo representante de uma nova atitude na política. E aí não é a idade, é a tua postura. Eu estou aí há 12 anos dizendo que a política tem que mudar no Brasil, mudar no Estado, combater os erros. Eu fui para as ruas lutar para não deixar fechar os Caics e o único deputado que foi junto comigo foi o Zé Ricardo (PT). Nós temos atitude. E essa atitude não veio agora em época de eleição. Eu não venho agora dizer que vou fazer, eu já faço. Sou autor de mais de 60 leis em defesa da população amazonense. O único parlamentar do Amazonas que tem um aplicativo Direito na Mão que você baixa no playstore de seu celular android, que você vai ver essas leis em diversas áreas, desde consumidor, meio ambiente, educação, conta de luz -,pra não deixar cortar no fim de semana. Sou o parlamentar que mais dialoga com os usuários do sistema de saúde, visito hospitais. Elejam que o Luiz Castro que vocês vão ver, pela primeira vez um senador fiscalizando um hospital, colocar o peso do Senado para inspecionar hospitais. Eu quero fazer um mandato diferente, está aqui no meu programa de governo, o único que foi registrado em cartório. Aqui não tem mentiras, tem compromisso. Me inspirei muito no mandato de Barack Obama. Que fez um mandato belíssimo em Iliinóis.
BMA – No cenário nacional, quais os riscos que o senhor vê numa possível eleição de Jair Bolsonaro como presidente do país?
LC – O risco não é só a questão Bolsonaro. Mas também o da radicalização em geral. Nós precisamos encontrar um ponto de equilíbrio nesse processo. Nós estamos com muita violência verbal , que já está sendo transformada em violência física – no caso, o atentado contra ele. E vemos eleitores muito indignado e eu respeito muito eleitor, mesmo quando discordo da opinião dele. Nós precisamos reconstituir o tecido, a verdade da política, que é a busca do bem comum, a superação das divergências pela convergência daquilo que pode ajudar a resolver problemas coletivos. Então, eu me preocupo com uma eleição que divida o país. Eu sonho com uma eleição, principalmente no segundo turno que uma o país. E até o momento, em nível nacional, as eleições não estão sinalizando que depois vamos ter a união do país. Isso é preocupante. Mas, vai depender muito também de quem vencer ter esse gesto de humildade e de reconstituição. Não vai dar para governar o país cm uma visão sectária, seja de direita ou de esquerda.
BMA – O senhor acredita que a prisão do presidente Lula teve como objetivo tirá-lo, a força, do processo eleitoral, quando tantos outros denunciados continuam soltos e até absolvidos? legítimo?
LC – Eu acho ilegítimo é o foro privilegiado servir para proteger figuras como o presidente Temer, Aécio Neves, Renan Calheiros. São pessoas que já deveriam estar afastadas da politica há muito tempo. Ao contrário, eles reproduzem hoje a desigualdade que os favorece. O que acontece com a Lei Eleitoral? Enquanto eu tenho apenas R$ 65 mil de Fundo Eleitoral, o adversário competitivo que menos recebeu, recebeu R$ 500 mil. Alguns chegaram a receber de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões para fazer campanha. É muito desigual. Tempo de televisão? Eu disponho de 20 segundos, a maioria dos candidatos têm um minuto, um minuto e meio, dois minutos, até três minutos. É muito desigual. Quem faz essas leis? São esses senadores e deputados federais que fazem, em sua grande maioria, para continuar mentindo e enganando você. Muitas vezes a gente se impressiona com uma cara, cheia de pessoas agitando bandeiras, mas, na verdade, a campanha mais verdadeira é a campanha mais simples. Esse é o segredo da nossa coligação. Três partidos pequenos, três políticos que têm atitude. Wilson Lima que entra pela primeira vez na política, Carlos Almeida defensor público, e eu, que estou há mais tempo na política mas que estou demonstrando a minha atitude, e não é de hoje, de coerência, independência, de lisura e de ficha limpa. Mas não adianta ser apenas ficha limpa, tem que trabalhar.
“Eu detesto enganar, eu detesto mentir. Talvez por isso a minha carreira política, a minha trajetória seja mais difícil do que a dos outros, porque eu não ganho eleição mentindo, enganando” (Luiz Castro)
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