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A derrota do governo federal na queda de braço pelo início da vacinação contra o coronavírus aumentou o apoio de militares da atual gestão para que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, se afaste do comando da pasta responsável pelo combate à pandemia.

Para integrantes das Forças Armadas de alta patente, a vitória do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que conseguiu sair na frente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na imunização da população​, vinculou ao general da ativa uma imagem de negligência com a saúde da população, colocando em risco a aprovação das Forças Armadas.

O diagnóstico feito à Folha de S.Paulo, em caráter reservado, é de que, ao ter começado a encampar, desde o final do ano passado, o discurso negacionista do presidente, o militar compromete a postura institucional de independência do Exército.

A avaliação no Exército e de militares que integram o Executivo é de que o ministro resolveria a questão passando para a reserva, como os demais militares do primeiro escalão da gestão federal. Ele, assim, teria mais liberdade para defender posições políticas.

Desde o ano passado, quando era pressionado por não conseguir conter o crescente número de infectados e mortos com a Covid-19, no entanto, Pazuello tem resistido a essa alternativa e, de acordo com assessores do presidente, já disse que prefere deixar o governo a passar para a reserva. A postura resoluta tem feito com que parte do núcleo verde-oliva considere que a única alternativa se tornou realmente a sua saída da pasta.

O desgaste na imagem do Pazuello também levou integrantes do centrão a retomarem pressão para uma mudança no comando da Saúde. O bloco de partidos aliado à atual gestão tem interesse no comando da pasta.

Desde o ano passado, porém, ministros palacianos já avaliavam o timing ideal para que Pazuello deixasse a pasta. Segundo relato feito à Folha, em dezembro, em uma reunião no Palácio do Planalto, o nome do líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), foi defendido para substituir o general no final do primeiro semestre deste ano.

A incapacidade do Ministério da Saúde em adquirir doses da vacina e o fracasso da pasta na negociação com a Índia, porém, foram episódios considerados pelo braço militar a gota d'água para que a mudança no comando da pasta seja antecipada.

A insatisfação com Pazuello entre os militares do governo não se deve apenas às trapalhadas do ministro relacionadas à imunização. A avaliação é também de que ele não tem feito uma defesa enfática das Forças Armadas no transporte de insumos a cidades em situação de emergência por causa da doença.

O último mal-estar ocorreu na crise recente em Manaus. No dia 8, o Ministério da Defesa iniciou operação de transporte de cilindros de oxigênio para o Amazonas. No dia 11, Pazuello visitou Manaus e, na opinião de militares do governo, não deu o devido destaque à operação iniciada quatro dias antes.

O incômodo é tamanho que militares palacianos costumam se contrariar com matérias jornalísticas que lembrem da patente militar do ministro da Saúde. Para evitar uma vinculação com o Exército, preferem que jornalistas se refiram a ele apenas como ministro, não como general.

Fonte: Notícias ao Minuto

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