Com a maior taxa de incidência de coronavírus do Brasil, o Amazonas entrou em mais uma realidade dura de se ver: os enterros coletivos. Sem poder suprir a demanda diária de sepultamentos, os funcionários dos cemitérios de Manaus resolveram adotar a prática de cavar túmulo único usando retroescavadeira e perfilar os caixões das vítimas de Covid-19. As imagens correram as redes sociais em todo o mundo e são assustadoras.
Cenário
De acordo com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, os sepultamentos diários subiram de 30, em média, para mais de 120. Ele afirma que a situação é catastrófica - a primeira vez que Arthur usou o termo "colapso funerário" foi no dia 10 de abril.
Comando
O secretário de Limpeza Pública, Paulo Farias, disse que este tipo de expediente, infelizmente, precisou ser feito pelo aumento da carga de trabalho dos trabalhadores. "O pessoal está exausto. O enterro é digno, com vítimas nos caixões e cuidados necessários", explica Paulo.
Pé de ouvido
Depois de uma reunião a portas fechadas com o vice-presidente, Hamilton Mourão, o governador Wilson Lima disse que o general conhece o Amazonas melhor do que ninguém, porque já comandou batalhão lá no interior, na Cabeça do Cachorro (São Gabriel da Cachoeira).
— Então, ele e tem uma dimensão clara da dificuldade que nós já passávamos na área de saúde e, principalmente agora, com essa pandemia do coronavírus.
Fé no general
Na reunião, o vice-presidente se comprometeu a trabalhar para que o Ministério da Saúde olhe com atenção para o caso do Amazonas.
— Então, é alguém que conhece a nossa região e tem uma sensibilidade muito grande, principalmente nesse momento de dificuldade –, reforçou o governador.
Arthur chutou o balde
Já o prefeito Arthur Virgílio, soltou o verbo na reunião com o vice-Presidente.
— Disse tudo o que eu tinha a dizer de desabafo, de críticas, análises de personagens do governo sobre esse abandono do Amazonas e que tem se agravado a cada minuto —, disse o tucanos ao sair da reunião.
Esperar o quê?
Arthur não escondeu que foi à reunião dizer as suas verdades.
— Não podemos mais esperar planejamentos para daqui a quinze dias e ficarmos vendo as pessoas morrerem –, desabafou.
Mayara quer saber
A presidente da Comissão de Saúde e Previdência da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputada Mayara Pinheiro (PP), quer saber sobre os contratos administrativos dos hospitais Nilton Lins e Deplhina Aziz.
Economizar no aluguel
Mayara infirmou que documentos pedem detalhamento do funcionamento do Comitê de Calamidade Pública, bem como o planejamento estratégico das ações de combate à Covid-19.
— De acordo com a Constituição Federal, o Governo, em situações como essa de calamidade pública, poderia ter baixado um decreto de utilização do Hospital Nilton Lins. Ou seja, não precisaria de aluguel.
Domingo sem lei
No dia em que o Brasil chegava a um total de mais de 2.400 mortes confirmadas devido ao coronavírus, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada e foi pro meio da muvuca dos bolsominions que pedia a intervenção militar.
O presidente fez um discurso em ato que pedia "intervenção militar" e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
Democracia com AI-5?
Próximo a faixas que pediam que os militares agissem contra STF e Congresso, Bolsonaro falou em manter a democracia.
— Contem com o seu presidente para fazer tudo aquilo que for necessário para manter a democracia e garantir o que há de mais sagrado, a nossa liberdade.
O protesto, no entanto, estava repleto de cartazes contra a democracia. Eles diziam "fora STF", "fora Maia" e pediam o retorno do AI-5.
Ignorância ou maldade
O ato institucional que endureceu o regime militar e autorizou uma série de medidas de exceção, permitindo o fechamento do Congresso, a cassação de mandatos parlamentares, intervenções do governo federal nos Estados, prisões até então consideradas ilegais e suspensão dos direitos políticos dos cidadãos sem necessidade de justificativa. Mas os que estavam pedindo o seu retorno talvez, por ignorância, não sabem disso. Mas Bolsonaro sabe.
Defesa falou...
O Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, publicou nesta segunda-feira (20/04) um comunicado oficial no qual afirma que as Forças Armadas trabalham com o propósito de “manter a paz e a estabilidade do país”, obedecendo a “Constituição Federal”.
... mas não disse
“As Forças Armadas trabalham com o propósito de manter a paz e a estabilidade do país, sempre obedientes à Constituição Federal. O momento que se apresenta exige entendimento e esforço de todos os brasileiros”, diz o texto.
Aras investiga...
O procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira, 20, a abertura de um inquérito para apurar "fatos em tese delituosos envolvendo a organização de atos contra o regime da democracia participativa brasileira". Já não era sem tempo. Ao menos alguém tem que mostrar ao presidente Bolsonaro que ele já passou dos imites faz tempo.
... mas poupa o chefe!
No entanto, Aras não cita especificamente o presidente Jair Bolsonaro, que participou de um ato em Brasília neste domingo em que se pedia a intervenção militar. Bom, Aras ao menos deveria ter dito quem comandou o embalo.
Mas eles preferiu justificar pedido ao STF dizendo que os atos foram cometidos "por vários cidadãos, inclusive deputados federais". Cabe ao Supremo investigar pessoas com foro, como deputados.
Então, quem era aquele?
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, Bolsonaro não é alvo do inquérito pois até o momento não há indício de participação dele na organização dos atos. Ah, não? E o discurso em cima da caçamba, em frente ao QG do Exército, ao lado de faixas que pediam o fechamento do Congresso, do STF e a volta do AI-5?
Estopim
A presença de Bolsonaro na manifestação, em que apoiadores pediam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, gerou forte repercussão negativa entre políticos, ministros da Suprema Corte e entidades.
Vírus do autoritarismo
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse ontem que repudia atos em defesa da ditadura. "O mundo inteiro está unido contra o coronavírus. No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos”. Em nome da Câmara dos Deputados, Maia disse que repudia “todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição", escreveu no Twitter.
É assustador
Ministros do STF também reagiram. O ministro Luís Roberto Barroso escreveu que "é assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia".
— Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso.
Não à impunidade
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da minoria no Senado, afirmou nesta segunda-feira (20) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não pode ficar impune por desrespeitar a Constituição Federal.
Lei para todos
O parlamentar representou contra Bolsonaro na Procuradoria-Geral da República em decorrência das manifestações deste domingo (19).
— A lei é para todos. Se Bolsonaro não respeita a Constituição, deve responder por seus atos como qualquer outro cidadão. Não pode ficar impune diante de tanta irresponsabilidade.
Aposentados poupados
Banco Central e a União terão de impor às instituições financeiras a suspensão da cobrança de parcelas de empréstimos consignados concedidos a aposentados pelo INSS ou pelo setor público. A medida foi determinada nesta segunda-feira (20) pelo juiz Renato Coelho Borelli, da Justiça Federal do Distrito Federal. A suspensão será válida por quatro meses, sem a cobrança posterior de juro e multa.
Parcelas suspensas
A suspensão das parcelas dos empréstimos consignados concedidos à aposentados, pelo período de 4 (quatro) meses, é medida necessária para garantir que os idosos, atingidos em maior número por consequências fatais de Covid-19, possam arcar com o custeio do tratamento médico necessário.
ORGULHO
A ONG Global Citizen e a cantora Lady Gaga anunciaram nas redes sociais que o festival exibido neste sábado, 18, nas redes sociais, arrecadou US$ 127,9 milhões – quase R$ 670 milhões. (vídeos com melhores momentos abaixo). De acordo com a organização, os recursos do One World: Together At Home vão ser usados no apoio aos profissionais da saúde que estão lutando contra a pandemia de Covid-19. O show também foi feito para incentivar que as pessoas fiquem em casa, durante o isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19 e Organização Mundial da Saúde reforçou o pedido:
VERGONHA
Questionado no fim da tarde desta segunda-feira 20 sobre as mortes de coronavírus no Brasil, Jair Bolsonaro deu sua declaração mais desrespeitosa com as vítimas da pandemia, declarando não ser “coveiro”. A pergunta do repórter sequer chegou a ser concluída.
— “Presidente, hoje tivemos mais de 300 mortes. Quantas mortes o senhor acha que…–, perguntava ele, quando Bolsonaro o interrompeu.
— Ô, cara, quem fala de... Eu não sou coveiro, tá certo?”, rebateu. O jornalista tentou novamente concluir a pergunta, mas Bolsonaro novamente disse: “não sou coveiro, tá?”.